Fecho de caminhos milenares continua a ser assunto em Torres Novas
O fecho dos caminhos milenares na Quinta do Marquês, também chamada de Quinta da Torre de Santo António, continua a indignar os moradores das aldeias de Casais Sebes, Gateiras e Valhelhas. O assunto foi à última Assembleia Municipal de Torres Novas, mas ainda não há desenvolvimentos.
As populações das aldeias de Casais Sebes, Gateiras e Valhelhas continuam revoltadas com o fecho dos caminhos milenares na Quinta do Marquês, também chamada de Quinta da Torre de Santo António. Quem o diz é Cristina Tomé, eleita da CDU na Assembleia Municipal de Torres Novas, que aproveitou a reunião para denunciar algumas coisas que estão a acontecer nas povoações limítrofes. “As pessoas não têm tido descanso. Para além dos proprietários terem vedado o acesso aos caminhos, acto ilegal, os mais recentes inquilinos não se têm portado melhor. A equipa de filmagens que habita a quinta tem circulado pela povoação de moto4 sem matrícula, impedem as pessoas de circular livremente porque estão em filmagens e quando confrontados com o pedido de licença para o efeito esquivam-se. A população já questionou a câmara e para não variar continua à espera de resposta e de acção. Que medidas estão a tomar para que esta população usufrua de um direito que é seu?”, questionou a autarca.
O presidente da câmara municipal, Pedro Ferreira, explicou que numa reunião camarária recente disse aos moradores que iria procurar uma solução consensual. “Há um caminho que já chegámos a consenso que é o da estrada romana. O outro caminho é mais complicado porque quase que encosta com o edificado que lá está e compromete”, explicou. O presidente assumiu que não é pessoa de conflitos e que vai tentar chegar a acordo com todas as partes. “Ainda vou ter mais uma reunião com os proprietários. Eu não funciono a cortar correntes. Sou defensor dos caminhos públicos, sou defensor de que há uma figura legal para os podermos exigir”, disse.
Recorde-se que os novos proprietários da quinta querem construir uma unidade hoteleira de luxo e por isso colocaram uma corrente com uma placa a dizer que é propriedade privada. A corrente marca agora o início de uma bonita estrada de terra batida, ladeada de árvores e terrenos com oliveiras. As duas estradas sempre foram usadas pela população para chegar à cidade de Torres Novas, situada a cerca de três quilómetros de distância. O MIRANTE esteve há uns meses com alguns moradores das aldeias que não hesitam: “as duas estradas sempre foram públicas e não aceitamos que deixem de ser”, afirmou, sem hesitar, uma das residentes locais que se juntou ao grupo de protesto. “Era por aqui que eu ia para a escola todos os dias. Demorava cerca de 45 minutos a pé”, conta outro dos moradores. A população garantiu ao nosso jornal que não vai deixar de manifestar a sua indignação enquanto não conseguir o seu objectivo, que é voltar a poder passear tanto na estrada romana como na que passa no interior da propriedade.