Sociedade | 20-10-2024 07:00

Poluição visual da propaganda política contestada em Santarém

Poluição visual da propaganda política contestada em Santarém
A profusão de cartazes com propaganda político-partidária no centro de Santarém levou um cidadão a pedir soluções aos autarcas

Munícipe interveio na Assembleia Municipal de Santarém para apelar aos autarcas e aos partidos que tomem medidas que controlem a profusão de cartazes com propaganda político-partidária, e não só, em zonas nobres da cidade.

A “poluição visual” causada pela profusão de cartazes com propaganda político-partidária no centro de Santarém levou um cidadão à última sessão da assembleia municipal para expressar a sua indignação pelo actual cenário e pedir medidas aos autarcas. Marco Pombo não teve papas na língua na denúncia da situação. “Atingimos um nível de profusão de cartazes que envergonha muitos habitantes da cidade, onde me incluo. Mas falo de um sentimento de vergonha alheia, pois nenhuma dessas pessoas é responsável por isto. E não, os fins não justificam os meios”, declarou.
Marco Pombo deu exemplos como a entrada norte da cidade, na rotunda junto ao Continente, que considera “um degredo”, com 8 outdoors, com 4 metros cada, ao longo de toda a rotunda “a sublinhar o pior do nosso país”, complementados com “imensas faixas de festas e festinhas, em que a maioria já se realizou”. Na zona do mercado e tribunal, ambos edifícios históricos, o panorama é semelhante, aponta o cidadão. “Santarém, infelizmente não é excepção e é igual a muitas outras nesta matéria. Com cartazes, pendões e graffitis. Colocados sem regras, em rotundas, postes, muros, pontes, empenas e jardins. No Natal passado, cheguei a ver 20 cartazes presos numa árvore perto da rotunda, a procurar imitar decoração de árvore de Natal. Achei uma coisa péssima e que não lembra a ninguém. Quem o fez devia ter vergonha de o ter feito”, lamentou.
Reconhecendo que a lei permite a colocação de mensagens políticas em todo o lado, em qualquer altura e só os próprios partidos a podem mandar retirar, Marco Pombo refere que é tempo de os partidos se actualizarem e adaptarem aos tempos modernos. “Tempos modernos, onde as eleições se ganham na TV e nas redes sociais. Tempos em que se exige poupança nos gastos de recursos naturais. Tempos em que a fadiga eleitoral gera afastamento das pessoas e recordes de abstenção”, considerou.
Marco Pombo afirmou que está nas mãos dos partidos fazerem de Santarém um exemplo nacional pelo lado positivo, deixando algumas sugestões, como definir-se um tempo para retirar os conteúdos após eleições, ou ter uma zona específica para esse fim criada pelos municípios. “Porque o que a lei deixa fazer, não tem de ser feito”, vincou. “Eu queria ter jardins visíveis para passear com a minha família. Uma cidade agradável à chegada e à partida. Gostava de ter edifícios com história que não fossem ladeados por estruturas metálicas”, prosseguiu, apelando ao consenso entre partidos no sentido de serem criadas soluções.

Soluções em estudo
A vereadora Beatriz Martins revelou que a fiscalização municipal fez recentemente um levantamento da publicidade afixada no concelho, com incidência sobretudo nas zonas urbanas. Vão ser estudadas medidas que podem passar pela limitação da afixação desse tipo de cartazes a zonas específicas, como acontece noutros países. “Acho que ninguém gosta de ver o espaço público completamente descaracterizado e cheio de outdoors por todo o lado”, reconheceu a vereadora, que enalteceu a intervenção do munícipe.
O eleito do CDS, Pedro Melo também comentou a intervenção de Marco Pombo, referindo “não há como discordar do que foi dito”. O autarca, que é jurista, disse no entanto que havendo essa lei em vigor a Câmara de Santarém não pode resolver a situação através de um regulamento, “que seria ilegal”. Pedro Melo sugeriu a aprovação de uma recomendação na assembleia municipal propondo à Assembleia da República uma alteração da lei. E até haver consenso entre os vários partidos no sentido de, por exemplo, retirarem a sua propaganda após cada acto eleitoral.

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