Teatro Rosa Damasceno só pode ser salvo pelo município de Santarém
A Câmara de Santarém reafirmou a sua intenção de ficar com o antigo Teatro Rosa Damasceno, no centro histórico da cidade, mas não está disponível para abrir os cordões à bolsa. O imóvel integra a massa insolvente da empresa Enfis, Hotelaria e Turismo e esteve recentemente em leilão, mas ninguém lhe pegou.
A Câmara de Santarém mudou de presidente mas não mudou de discurso nem de intenções quanto ao futuro do degradado Teatro Rosa Damasceno, ao abandono há mais de duas décadas no centro histórico da cidade. Na última sessão da assembleia municipal, o novo líder do executivo camarário, João Leite (PSD), foi questionado pela eleita Dina Rocha (PS) e repetiu o que o seu antecessor, Ricardo Gonçalves, já havia dito: o município está interessado em ficar com o imóvel - propriedade privada e que faz parte da massa insolvente da empresa Enfis, Hotelaria e Turismo -, mas não a qualquer preço.
Refira-se que o antigo Teatro Rosa Damasceno esteve à venda em leilão electrónico no início deste Verão com um valor base de 350 mil euros. O degradado edifício fez parte do lote de imóveis colocados no mercado em resultado do processo de insolvência da empresa Enfis, Hotelaria e Turismo, que integrou o grupo Enfis liderado pelo empresário Joaquim Rosa Tomaz. O MIRANTE tentou saber junto da leiloeira se houve interessados na aquisição da antiga sala de espectáculos mas não obteve resposta. No entanto, na assembleia municipal, João Leite disse não ter conhecimento de que tenham havido ofertas.
“Aquele espaço deve ser de novo de Santarém e da população”, afirmou João Leite na assembleia municipal, revelando que vai ser apresentado aos credores “um valor razoável, muito aproximado de um valor residual ou nulo” para o que o município possa dar um novo destino ao imóvel e criar ali um espaço dedicado à arte e à cultura. Um projecto que envolveria também o edifício vizinho, propriedade do município, onde em tempos funcionou uma delegação do Banco de Portugal, aproveitando fundos comunitários para o efeito.
João Leite sublinhou que “pior que uma má decisão é uma não decisão”, vincando que é intenção do executivo tomar medidas em relação a esse património. O autarca sublinhou que qualquer privado que queira comprar aquele imóvel tem que investir logo à partida 500 mil euros para consolidação da encosta nas traseiras do edifício antes de poder avançar com qualquer obra no espaço, já que o anterior proprietário do Rosa Damasceno impediu a intervenção na encosta durante a empreitada de estabilização das barreiras da cidade promovida pelo município. “O terreno é non aedificandi (não edificável) e por isso não aceitamos dar 300 mil euros para comprar aquele imóvel”, acentuou o presidente do município.