Sociedade | 21-10-2024 10:00

Vão ser conhecidos em breve impactos de exploração de pedreira em A-dos-Melros

Vão ser conhecidos em breve impactos de exploração de pedreira em A-dos-Melros
Desde 2022 que os moradores de A-dos-Melros, Alverca, se queixam dos impactos da exploração de uma pedreira da Cimpor nas proximidades da aldeia

As explosões resultantes da exploração de uma pedreira na vizinhança da aldeia de A-dos-Melros deram que falar e a actividade na zona foi suspensa.

Entretanto foi feito um estudo geológico para avaliar os impactos, cujo relatório final deve estar pronto até final do ano. Os moradores estão a preparar-se para contestar os resultados que, numa fase preliminar, já tinham afastado a hipótese de risco imediato para as habitações.

O relatório final do estudo geológico desenvolvido na zona de A-dos-Melros, em Alverca, para avaliar o impacto das explosões resultantes da exploração da vizinha pedreira da Cimpor, vai ser apresentado até final deste ano. O estudo foi desenvolvido por técnicos do Instituto Superior Técnico (IST) e do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC).
A novidade foi deixada pelo presidente da Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo e Sobralinho, Cláudio Lotra, durante a última assembleia de freguesia realizada em A-dos-Melros. O autarca confirma que a actividade da pedreira tem estado suspensa na zona desde o ano passado e que terão sido feitos dois testes de rebentamento no último mês, com diferentes cargas explosivas, para que os técnicos pudessem realizar novas medições e avaliar os impactos que teriam na aldeia. “Segundo me disse a Cimpor, o resultado destes dois testes farão parte desse relatório final”, informou Cláudio Lotra.
Os moradores afirmam que se estão a preparar para contestar os resultados do relatório e dos testes efectuados recentemente, por terem sido feitos na zona da Adanaia e não tão perto de A-dos-Melros, como habitualmente eram sentidas as explosões. “Estaremos cá para vos acompanhar nesse momento e pedi para que assim que o relatório final for apresentado para nos darem conhecimento dele”, prometeu Cláudio Lotra.
Os resultados preliminares do estudo, como O MIRANTE dera nota em Janeiro deste ano, foram apresentados à porta fechada em Dezembro de 2023 e as primeiras conclusões apontavam para o facto de as habitações atingidas pelas explosões não correrem risco imediato de ruir embora fosse necessário tomar medidas preventivas e cuidados adicionais para que a situação não se agravasse.
Entre as recomendações preliminares estavam o pedido para que os rebentamentos da pedreira da Cimpor se mantenham longe da aldeia, que a câmara altere os critérios de licenciamento de futuras habitações em A-dos-Melros e que haja um maior cuidado com os lençóis freáticos existentes na zona. Duas centenas de técnicos do LNEC estiveram vários meses na aldeia e analisaram toda a encosta, praticamente até à vizinha localidade da Calhandriz e confirmaram terem registado rebentamentos provenientes da pedreira da Cimpor, mesmo que esses rebentamentos tenham sido afastados da aldeia por indicação da Direcção-Geral de Energia e Geologia.
Ainda que na apresentação os técnicos não tenham estabelecido um nexo directo de causalidade entre os rebentamentos e o estado em que se encontram as habitações, tal pode vir a acontecer quando o estudo for entregue em formato final. Os moradores da aldeia, recorde-se, queixam-se que a exploração da pedreira tem causado impactos na qualidade de vida e nas casas, com várias habitações, muros e ruas da localidade a aparecerem com fendas profundas, como O MIRANTE já noticiou. A proibição do uso de explosivos junto da aldeia foi classificada pelos autarcas locais como uma justa e “enorme conquista” para as populações da aldeia.

Queixas de poeiras no Sobralinho

Quem vive no Sobralinho tem sentido, nas últimas semanas, um aumento das poeiras em suspensão na vila e os dedos são apontados à vizinha pedreira da Cimpor. “Tem havido muito pó e terra a deslocar-se da pedreira para o Sobralinho. Estou nas traseiras da Rua Capitão Salgueiro Maia e é montes de terra”, lamentou José António Jorge, morador, que na última assembleia de freguesia pediu à junta de freguesia para intervir junto da empresa. O presidente da junta, Cláudio Lotra, disse desconhecer o problema mas prometeu abordar o assunto directamente com a Cimpor na próxima reunião do Conselho de Acompanhamento Ambiental da fábrica.

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