Sociedade | 23-10-2024 15:00

Filarmónica União Pedroguense tem 150 anos de vida mas não acusa o peso da idade

Filarmónica União Pedroguense tem 150 anos de vida mas não acusa o peso da idade
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Nuno Carapau, 47 anos; João Silva, 59 anos; Maria Sofia Carapau, 16 anos; Liliana Lopes, 42 anos

A Sociedade Filarmónica União Pedroguense tem século e meio de vida e mantém-se activa, sendo uma referência no concelho de Torres Novas ao serviço da música e da cultura. O MIRANTE visitou a colectividade e acompanhou um dos ensaios, aproveitando para falar com alguns músicos.

A Sociedade Filarmónica União Pedroguense, de Pedrógão, Torres Novas, está a assinalar o 150º aniversário. A colectividade nasceu em 1874, ainda nos tempos da monarquia, e mantém-se activa até hoje. Atravessou uma fase complicada no início, mas rapidamente se consolidou e hoje é uma referência no concelho de Torres Novas. A banda conta com 40 músicos, com idades entre os 16 e os 59 anos, e 30 crianças na escola de música. Para além da banda, também foi criado recentemente um coro, com o apoio do Centro de Assistência Paroquial, contando com 70 elementos, com idades entre os 15 e os 82 anos. Durante muitos anos a banda foi a principal forma de divulgação da aldeia, continuando a ser um importante dinamizador da comunidade.
O MIRANTE esteve na sede da colectividade e acompanhou um ensaio, num sábado à noite. Nuno Carapau, 47 anos, engenheiro químico, é o presidente da colectividade. Está na banda como músico desde os 13 anos. Um tio pertencia à banda e, por isso, desde miúdo que assistia aos ensaios. Quando entrou para a banda tocava trompete. “Nunca andei em escolas oficiais de música, o que aprendi a tocar foi aqui”, conta. Nunca saiu da banda, mesmo quando foi para a universidade no Monte da Caparica. Acabou o curso, começou a trabalhar em Lisboa, depois em 2002 veio trabalhar para Torres Novas e em 2004 assumiu a presidência da colectividade.
Actualmente, Nuno Carapau diz que toca mais do que tocava há 20 anos. “Há mais solicitação, não só aqui na banda, como nas outras bandas à volta”, diz, explicando que além de tocar na banda da qual é presidente, também é solicitado para tocar noutros grupos. Embora tenha começado por tocar trompete, hoje o seu instrumento é a tuba. Em conversa com O MIRANTE, explica que a colectividade tem cerca de 200 sócios, mas que os pagantes são cada vez menos. “Nós aqui não andamos a cobrar às pessoas, quem quer dar dá. Quer na escola de música, quer no coro, quer na banda, as pessoas contribuem voluntariamente”, esclarece o dirigente, vincando a importância que a colectividade tem para a aldeia. “Neste momento, acho que para a população de Pedrógão é completamente inconcebível pararmos a actividade. Há muita história aqui, somos uma família, a banda vai passando de geração em geração”, diz.

Famílias de músicos
João Silva é tio de Nuno Carapau e é o elemento mais velho da banda, com 59 anos. Está na banda desde os 11 anos, sendo o músico mais antigo. Já está reformado devido a uma cirurgia à coluna, mas trabalhou durante muitos anos como motorista. “Tive dias em que vinha para os ensaios com uma directa em cima, isto ou se gosta ou não se gosta, e eu gosto muito”, sublinha. Tal como o sobrinho, João Silva também toca tuba.
Maria Sofia Carapau é filha de Nuno Carapau, tem 16 anos, e diz que está na banda praticamente desde que nasceu. “O meu primeiro concerto aqui na banda foi quando tinha 2 anos, fiz o concerto todo ao colo do meu pai”, diz entre gargalhadas. Toca clarinete, mas confessa que não pretende seguir música a nível profissional. “A minha ideia é ir para Gestão ou Economia”, refere. Garante, no entanto, que pretende continuar sempre na banda, mesmo que a sua vida passe por outro local.
Liliana Lopes tem 42 anos e é professora de Matemática e Ciências do 2º ciclo. Toca saxofone na banda de Pedrógão há mais de 20 anos. Mora numa freguesia vizinha, tendo começado a tocar com 10 anos de idade na banda da sua terra. Depois da banda onde tocava ter passado por um período de interregno, Liliana Lopes decidiu que queria continuar a tocar e por isso, depois de conhecer Nuno Carapau, passou a integrar a Sociedade Filarmónica União Pedroguense. “Entretanto trouxe o meu marido e a minha filha, a minha irmã e o meu cunhado, veio a família toda”, conta bem-disposta.

150º aniversário celebra-se em Novembro

Para assinalar os 150 anos a Sociedade Filarmónica União Pedroguense está a preparar dois eventos distintos. Dia 2 de Novembro vai decorrer um concerto no Cineteatro Virgínia, em Torres Novas, com a participação da banda e do coro, com cem pessoas em palco num espectáculo que pretende contar a história da banda. Já no dia 10 de Novembro, vai haver uma recepção à banda de A-dos-Francos, das Caldas da Rainha, com um almoço-convívio entre as duas bandas e um concerto à tarde.

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