Desinformação e desinteresse pelo conhecimento são inimigos da cultura e da democracia
Primeiro Encontro de Bibliotecas Públicas no Médio Tejo, com o objectivo de afirmar as bibliotecas públicas nos 50 anos do 25 de Abril, decorreu no Cineteatro de Constância e contou com a presença de vários oradores ligados à cultura.
O Primeiro Encontro de Bibliotecas Públicas, no Médio Tejo, contou com vários oradores, ligados à cultura, literatura e bibliotecas que, ao longo do dia, partilharam as suas visões sobre as várias áreas. Foi comum a ideia de que, actualmente, a desinformação, oriunda de notícias falsas, e a falta de tempo para ler e adquirir conhecimento são os principais adversários da cultura, da literatura e das bibliotecas.
O presidente do município de Sardoal, Miguel Borges, pôs o dedo na ferida e frisou a “ofegante falta de tempo” que a sociedade tem, cada vez mais, para vários assuntos, mas, principalmente, para a cultura. O autarca alertou para os perigos de não se dar atenção e tempo suficiente à informação, acabando por se ficar exposto a informação errada e notícias falsas. “Só lemos o que é fácil de ler. As letras grandes das redes sociais ou os títulos dos jornais e achamos que sabemos a notícia toda. Ficamos sujeitos à informação que nos querem transmitir e não à real e isso é muito perigoso. Podemos ter em perigo uma democracia, relativamente nova, por não dedicar tempo à informação e conhecimento”, alertou o autarca, acrescentando que informação é alcatroar os caminhos do conhecimento e cimentar a mente.
Sandra Dias, da Direcção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, afirmou ser necessário desconstruir a ideia de que as bibliotecas são espaços parados no tempo e que o investimento é fundamental, acabando por ser um investimento para a sociedade. Luís Santos, em representação da ministra da Cultura, relembrou a ligação de Constância a várias referências da cultura nacional como Luís de Camões e Alexandre O’Neill e considerou fundamental o poder local e regional apoiar o desenvolvimento das bibliotecas públicas, tornando-as espaços de informação e cultura presentes na vida dos cidadãos.
A vereadora da Câmara de Constância, Maria Helena Roxo, defendeu que a consolidação das bibliotecas é essencial, sendo uma área de intervenção da responsabilidade do poder local, com o objectivo de criar impacto nas gerações actuais e futuras. Graça Asseiceira, da Biblioteca Municipal de Alcanena, apresentou o festival literário FALA – Encontro Literário de Alcanena, deixando também algumas palavras sobre a cultura e as bibliotecas. “A cultura é sempre a parte mais baixa da pirâmide. Vivemos na era da desinformação e das notícias falsas e as bibliotecas e os bibliotecários devem actuar como agentes de mudança, com informação fidedigna e verdadeira. É preciso mais união entre membros e defensores da cultura”, afirmou.
Pela Biblioteca Municipal de Constância esteve presente Nuno Ferreira com a apresentação do programa Sorriso Entre Letras, que visa promover a cultura e coesão social no município de Constância, através de sessões de leitura e escrita.