Protocolo da CIMLT é o primeiro a acabar com limitação caricata no uso desfibrilhadores
Imagine-se num país em que tem formação para usar um Desfibrilhador Automático Externo num recinto desportivo, mas que nesse mesmo local há outros aparelhos iguais, que foram instalados posteriormente e que não pode usar porque só está registado para operar com os anteriores.
Agora, pelo menos em nove municípios da Lezíria, isso acabou num esforço pioneiro entre a comunidade intermunicipal e o hospital distrital.
A Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo (CIMLT) assinou um protocolo com a Unidade Local de Saúde (ULS) da Lezíria para a uniformização da utilização dos equipamentos de Desfibrilhação Automática Externa – DAE, que tem sido um dos exemplos de desorientação do Estado. Este novo modelo, considerado único no país, segundo revela o presidente da CIMLT e da Câmara de Almeirim, Pedro Ribeiro, permite que quem tem formação para utilizar os desfibrilhadores possa utilizar os que são colocados em funcionamento posteriormente.
Até agora quem tivesse formação para usar os DAE adquiridos num determinado momento, não podiam operar com os aparelhos que fossem disponibilizados numa outra altura, mesmo que sejam iguais ou funcionem da mesma forma. Para Pedro Ribeiro as limitações aos programas, que designam os momentos diferentes em que são colocados a funcionar os aparelhos, não faziam sentido, salientando que este protocolo vai permitir ultrapassar as complicações e “incentivar a formação de centenas ou milhares de pessoas, algo da maior importância para o sistema”.
O protocolo vai abranger nove municípios da comunidade intermunicipal, ficando de fora Benavente e Azambuja que pertencem à ULS do Estuário do Tejo. Este novo modelo permite a colaboração entre as câmaras municipais e o hospital distrital, que supervisiona o seu funcionamento, facilitando o socorro a quem precisa sem limitações legais. “Num país de muitas ‘quintas e quintinhas’ nem sempre é fácil a colaboração entre entidades. Durante anos fiz esta proposta sem sucesso”, recorda o autarca, realçando que “quantos mais tiverem formação e conseguirem usar os DAE mais protegidos estaremos todos”.
Pedro Ribeiro - que agradece o esforço da directora clínica da ULS, que gere o hospital, Rita Paulos, em encontrar soluções - já tinha sido inovador em 2022, pelo facto de pela primeira vez ser um hospital a supervisionar a utilização dos equipamentos, o que permitiu que se pudessem instalar mais aparelhos sem ser necessário fazer novos acordos com o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).
O DAE é utilizado em casos de paragem cardiorrespiratória aplicando uma carga eléctrica no tórax com o objectivo de reverter a paragem cardíaca fazendo com que o coração volte a receber e bombear sangue. A sua utilização pode ser feita por cidadãos com formação específica. O Programa Nacional de Desfibrilhação Automática Externa começou em 2009 com um decreto-lei que estabeleceu as regras para a utilização dos aparelhos.