Sociedade | 28-10-2024 21:00

Os jovens de hoje têm dificuldade em sair da zona de conforto

Os jovens de hoje têm dificuldade em sair da zona de conforto
Francisco Silvério é natural de Vila Chã de Ourique, concelho do Cartaxo. fotoDR

Francisco Silvério, 25 anos, alistou-se na Armada porque queria ser militar. Meses depois de sair da Escola Naval, o jovem marinheiro, natural do concelho do Cartaxo, estava responsável pela gestão financeira e logística de uma missão da Marinha na Lituânia. Diz que a maioria dos jovens não se interessa por uma carreira militar porque tem dificuldade em sair da sua zona de conforto e defende que as Forças Armadas conseguem transmitir valores que faltam à juventude de hoje.

Francisco Silvério quis servir o país como o irmão, antigo fuzileiro, e alistou-se na Marinha. Aos 25 anos, o jovem natural de Vila Chã de Ourique, concelho do Cartaxo, ficou responsável pela gestão financeira e logística de uma missão na Lituânia, onde estiveram atracados três meses e meio, que entendeu como um “prémio” por ter sido o melhor aluno do curso de Administração Naval. O guarda-marinha não expressa opinião sobre o serviço militar obrigatório, mas garante que “quando os nossos pais contam histórias são sempre boas histórias e têm saudades”.
Resiliência, disciplina, lealdade, espírito de sacrifício e liderança, no caso dos oficiais, são os valores que diz serem transmitidos na Marinha “e que faltam a muitos jovens que estão a sair do secundário”. Explica que “as Forças Armadas conseguem moldar uma sociedade porque transmitem valores excelentes e ensinam-nos a trabalhar uns com os outros”, acrescentando: “quando estamos na recruta trabalhamos todos para o mesmo e se o elemento mais fraco falha não vale a pena ter um mais forte”. No 11º ano queria ser polícia, profissão do irmão actualmente, aos 35 anos, após seis anos de serviço militar.
Francisco Silvério perdeu o pai em 2011, mas teve o apoio da mãe, “a cem por cento”, quando optou por desistir, após o primeiro semestre, do curso de Engenharia Mecânica na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, para ingressar na Escola Naval em 2018. “Vi que a vida civil não era para mim”, afirma, reconhecendo diferenças no ensino no que toca a regras e união dos próprios alunos. “Via um crescimento muito grande no meu irmão, contava-me histórias de camaradagem e da profissão”, revela sobre a escolha.
Na viagem de instrução do primeiro ano, onde vêem a bordo as diversas funções de cada militar, percebeu que era a área da gestão e da logística a que mais se enquadrava na sua personalidade. Entendeu que tirou um peso dos ombros da mãe porque se antes pagava propinas, alojamento e alimentação, passou depois a receber por estudar. Saiu da Escola Naval em Setembro de 2023 e passou a chefe de serviço de abastecimento do NRP Setúbal, coordenando uma equipa de sete pessoas. Em Dezembro desse ano era destacado para a Lituânia, missão para a qual se voluntariou.
Passaram pelas suas mãos responsabilidades como a de aquisição de material para os militares, num total de cerca de centena e meia, e viaturas militares; ligação com a logística do exército lituano; fardamento; alimentação; finanças pessoais; concepção da base da Lituânia; e contratação de meios para a projecção e retracção dos militares e material mili​tar. “Têm dificuldade em sair da zona de conforto”, afirma quando questionado sobre a falta de interesse dos jovens numa carreira nas Forças Armadas.

O objectivo é chegar a almirante
Os grandes amigos de Francisco Silvério estão em Vila Chã de Ourique, onde jogou futebol no Estrela Ouriquense até aos 18 anos. Aos fins-de-semana regressa a casa para saírem e jantar fora. Vive em Almada, numa casa alugada com quatro camaradas da mesma idade, embora pudesse pernoitar no navio. “É incomportável alugar uma casa sozinho neste momento”, assume. Durante mais um ano terá de seguir viagem e por isso não pensa em comprar casa. O objectivo é chegar a almirante e gostava de conhecer a Noruega por mar. “Não troco Almada por Vila Chã de Ourique”, refere o jovem sobre a compra da primeira casa, descrevendo a carreira militar como “estável, honrosa e de elevado patriotismo”.

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