Projecto para revitalizar teatro ao abandono em Alhandra

Município de Vila Franca de Xira quer dar seguimento a um novo projecto para o desactivado e degradado Teatro Salvador Marques, no centro da vila de Alhandra, que há muito aguarda por requalificação.
Vai avançar nas próximas semanas para adjudicação, depois de quase duas décadas de impasse, o projecto para a requalificação do desactivado e degradado Teatro Salvador Marques, em Alhandra. A informação foi avançada pelo presidente do município de Vila Franca de Xira, Fernando Paulo Ferreira, durante a última assembleia municipal.
O autarca diz que o procedimento para adjudicação do projecto está em andamento e a expectativa é candidatar a obra a financiamento do quadro comunitário 2020-2030, com verbas geridas pela Área Metropolitana de Lisboa. “O futuro quadro comunitário de apoio poderá permitir tornar a obra uma realidade”, frisou Fernando Paulo Ferreira.
O destino do Teatro Salvador Marques, que foi em tempos uma referência cultural no concelho de Vila Franca de Xira mas que está ao abandono há duas décadas, foi comprado pelo município para evitar que o espaço caísse nas mãos de privados e pudesse vir a ser transformado para fins habitacionais. A verdade é que o espaço acabou por nunca vir a ser renovado nem usado para os fins culturais para o qual foi inicialmente construído. Um dos planos em cima da mesa, recorde-se, passava mesmo pela sua demolição e substituição por um novo edifício, que incluísse não só uma sala de espectáculos como novas áreas e salas que pudessem ser usadas pelo vizinho Conservatório Silva Marques, da Sociedade Euterpe Alhandrense.
Já neste mandato, o presidente do município defendeu como deverá ser o futuro Salvador Marques: “um teatro moderno, que provavelmente implicará demolir o que existe hoje para lhe dar maior área”, explicava o autarca no início do ano. Isso não significa, no entanto, que o projecto não tenha em conta um apelo à memória da traça do antigo teatro, que o autarca diz já nem sequer ser o que se vê actualmente, já que a sua fachada foi sendo sucessivamente alterada ao longo dos anos. “Vamos criar ali mais um edifício icónico, espero”, afiançava.
Demolição travada em tribunal
O primeiro projecto para a reconstrução do teatro, recorde-se, deu polémica, com o Tribunal Administrativo e Fiscal de Loures a dar razão a uma providência cautelar apresentada pela então Comissão para a Reabilitação do Teatro Salvador Marques, que está adormecida nos últimos anos e que visava impedir a câmara de demolir o edifício. Na altura, o projecto de demolição do teatro e construção de um novo centro cultural, ainda no tempo em que era presidente Maria da Luz Rosinha, tinha um custo a rondar os 2,5 milhões de euros e a comissão chegou a recolher centenas de assinaturas da comunidade e de artistas nacionais a pedir a preservação do espaço. Entretanto nem a obra avançou nem a recuperação do espaço teve lugar mantendo-se fechado e ao abandono até hoje.