Sociedade | 31-10-2024 12:00

O negócio que está a dar que falar da venda do pavilhão da Nersant a empresas de Abrantes e Mação

O negócio que está a dar que falar da venda do pavilhão da Nersant a empresas de Abrantes e Mação
Finalidade da infraestrutura, em Torres Novas, é ainda uma incógnita. Compradores escudam-se de que o segredo é a alma do negócio

Empresários de Abrantes e Mação vão comprar o antigo pavilhão de feiras por 1,9 milhão de euros. Já deram um sinal de cerca de 300 mil euros para garantir a concretização do negócio, mas a O MIRANTE não quiseram revelar qual o interesse ou finalidade que querem dar àquela infraestrutura localizada em Torres Novas.

A Additional Parade, Lda., sediada em Mação, e a Imohorizonte, sociedade de investimentos imobiliários, Lda, com sede em Alferrarede, no concelho de Abrantes, vão comprar por um milhão e 900 mil euros o pavilhão de exposições da Nersant, localizado em Torres Novas e que esteve durante anos sem qualquer tipo de utilização. A primeira, constituída em 2019 por Carlos Duarte, desenvolve a sua actividade principal na compra e venda de bens imobiliários, tal como a segunda, que foi constituída em 2021 por Cremildo Alexandre e Tiago Alexandre, pai e filho, sendo que o primeiro também é proprietário de uma conhecida empresa do ramo automóvel no concelho de Abrantes.
O MIRANTE contactou os empresários de Abrantes no sentido de perceber qual o interesse que têm num espaço em Torres Novas, uma vez que a sua actividade empresarial se tem desenvolvido em Abrantes, mas nem pai nem filho quiseram adiantar qualquer informação. Cremildo Alexandre referiu mesmo que “o segredo é a alma do negócio” e que, por esse motivo, não iria divulgar que finalidade querem dar àquela infraestrutura que costumava acolher a Fersant - Feira Empresarial da Região de Santarém. Tiago Alexandre disse ao nosso jornal ser “prematuro” falar do assunto, garantindo, porém, estar confiante na concretização do negócio.
O nosso jornal sabe, de fonte segura, que na conta da Nersant já entrou um sinal de 300 mil euros, como forma de assegurar que o negócio vai em frente. No entanto, para que o mesmo se concretize, tem de ficar assegurado que quer a associação empresarial, quer a Câmara de Torres Novas podem utilizar o auditório, a zona do restaurante, do bar e das startups, tal como estipulado no protocolo existente entre estas duas entidades.
“Tudo isto tem de ficar salvaguardado. É isso que irei saber com a direcção da Nersant”, afirmou o presidente do município, Pedro Ferreira, na última reunião pública do executivo camarário, depois de fazer saber que o pavilhão foi posto em hasta pública no portal Casa Pronta por 1,9 milhões de euros, depois de a primeira fase de venda não se ter concretizado por opção daquela associação empresarial, presidida por António Pedroso Leal.

Município fica com 30% do valor da venda
O presidente do município adiantou ainda que com a venda do pavilhão a Câmara de Torres Novas “terá sempre direito a 30% do valor”, neste caso, a 570 mil euros. “Vamos aguardar o desfecho esperando que desta vez o processo seja célere e transparente e que percebamos melhor o que vai ser do pavilhão”, rematou.
Sobre a venda do pavilhão, o vereador do PSD, Tiago Ferreira, defendeu que o município de Torres Novas deve estudar a possibilidade de avançar com a sua compra, considerando aquela infraestrutura estratégica para agregar investimento. “É um activo estratégico (...) podíamos ter ali um centro de negócios, um pavilhão que nos permitia fazer uma utilização complementar ao Palácio dos Desportos”, defendeu, salientando que o município investiu recentemente milhares de euros na requalificação daquela zona, o que valoriza o pavilhão.

AIP também tem direito a 35% da venda do pavilhão

Segundo O MIRANTE apurou junto de fonte ligada à direcção da Nersant a Associação Industrial Portuguesa (AIP) também tem direito a 35% do valor da venda do pavilhão, estando essa percentagem estabelecida em protocolo. Isto porque o pavilhão começou a ser construído pela AIP, em terreno cedido pela Câmara de Torres Novas, antes da fundação da Nersant (1988) que surgiu como delegação da primeira. Neste caso, se a venda se concretizar por 1,9 milhão de euros, a AIP arrecada 665 mil euros que, a juntar aos 570 mil euros a que tem direito a câmara municipal, ficando o remanescente para os cofres da Nersant. No entanto, nem todos os elementos da direcção têm conhecimento desta realidade.

Pavilhão tem hipoteca em nome do antigo presidente

O pavilhão tem duas hipotecas, uma já muito antiga e outra em nome de Domingos Chambel, empresário natural de Abrantes que foi presidente da direcção da Nersant e que preside actualmente a assembleia-geral da associação. A hipoteca do imóvel foi feita como garantia para Chambel, que emprestou dinheiro à associação quando esta começou a atravessar graves problemas financeiros. Uma herança deixada à associação empresarial pela direcção do próprio Domingos Chambel, que antecedeu António Pedroso Leal na presidência.

Empresário do Entroncamento ofereceu mais, mas a venda não se concretizou

A compra do pavilhão da Nersant, tal como O MIRANTE noticiou em Julho passado, já teve outros interessados, nomeadamente um empresário e intermediário de uma multinacional, natural do Entroncamento, que acusou a direcção da associação de o usar depois de ter oferecido dois milhões de euros e de, aparentemente, não conseguir fechar negócio por terem dado o dito por não dito, depois de haver um segundo interessado na compra.
Segundo contou este empresário ao nosso jornal, a primeira proposta de compra foi de 1,7 milhões de euros, com a garantia de que a associação poderia usar o auditório e restaurante em condições a combinar. Mais tarde, devido a uma alegada proposta de outro interessado, de que foi informado pelo presidente da Nersant, o intermediário e empresário do Entroncamento, aumentou o valor da compra para 2 milhões de euros. No entanto, ficou depois a saber que o negócio já não seria feito com ele, mas com outro interessado por menos cem mil euros.

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