Sociedade | 05-11-2024 07:00

Câmara do Entroncamento dificulta a vida a motoristas bloqueando o estacionamento de camiões

Câmara do Entroncamento dificulta a vida a motoristas bloqueando o estacionamento de camiões
TEXTO COMPLETO DA EDIÇÃO SEMANAL
Autarquia pondera colocar sinalização reflectora nos blocos de cimento para melhorar visibilidade junto dos automobilistas

Município do Entroncamento colocou blocos de cimento para impedir estacionamento de veículos pesados em algumas artérias da zona norte da cidade. Motoristas queixam-se que foram impedidos sem consulta nem aviso.

A Câmara do Entroncamento decidiu bloquear o acesso a uma rua na zona norte da cidade, nas imediações do hipermercado E.Leclerc, para impedir o estacionamento, que considera abusivo, de camiões nessa artéria. Uma medida também aplicada a zonas de estacionamento automóvel, onde foram colocados blocos de betão para retirarem margem de manobra ao estacionamento de veículos pesados. Os motoristas dizem que não foram tidos nem achados e queixam-se de falta de alternativas.
O estacionamento abusivo de veículos pesados na zona norte da cidade do Entroncamento, em arruamentos e zonas de estacionamento, já tinha sido alvo de debate em reuniões camarárias. A gestão socialista liderada por Jorge Faria seguiu a máxima “para grandes males grandes remédios” e vedou os acessos à Rua Abade Correia Serra, colocando blocos de betão que impedem, não só os veículos pesados, mas todos os veículos que pretendam aceder aos lugares de estacionamento nessa artéria.
Na Rua Garcia da Orta a autarquia não foi tão radical, mas os blocos colocados em alguns lugares de estacionamento, além de ocuparem esse espaço impedindo a paragem de automóveis, estão sem qualquer sinalização reflectora, o que os torna pouco visíveis durante a noite. Representa um perigo para quem não esteja atento ou informado sobre a situação.
Em reuniões camarárias anteriores, os vereadores do PSD e o vereador independente eleito pelo Chega, Luís Forinho, já tinham alertado para o facto de vários condutores de veículos pesados recorrerem ao local para estacionar as viaturas, causando danos nos passeios e ocupando vários lugares de estacionamento. Após a câmara ter tomado medidas, na reunião camarária de 15 de Outubro, o vereador Rui Gonçalves (PSD) alertou para o facto de os blocos colocados serem do mesmo tom que o alcatrão, ficando imperceptíveis durante a noite. “Os blocos são cinzentos, da mesma cor que a estrada. Quem vá a passar, não reconhece e podemos ter ali um motivo de acidentes ou carros a bater ao estacionar”, disse o vereador, sugerindo que sejam colocadas faixas reflectoras nos blocos.
Rui Gonçalves relembrou a preocupação, transmitida anteriormente, com o estacionamento de veículos pesados no local, afirmando que ainda falta uma solução definitiva. “Não pode ser só proibir, temos de dar condições às pessoas. Percebo que o objectivo seja retirar os veículos pesados da malha urbana do concelho, mas é fundamental dar-lhes condições noutro lado”, disse o vereador do PSD, defendendo a criação de um parque de estacionamento fechado, na zona industrial. “Foi uma opção que demos e nunca foi debatida. O Entroncamento tem muitos camionistas que, precisam de condições, quando regressam a casa ou vêm visitar as famílias, para guardar o seu veículo de trabalho e é preciso arranjar soluções para isto”, reforçou.
O presidente Jorge Faria concorda com a ideia de colocar reflectores nos blocos e afirma que é uma sugestão que o executivo vai ponderar, acrescentando que existem outros blocos cimentos pelo concelho, sem sinalização e que nunca causaram problemas.

Motoristas foram impedidos sem consulta nem aviso
Victor Ângelo é motorista de veículos pesados com residência no Entroncamento e garante que o bloqueio dos estacionamentos foi feito sem aviso ou consulta a qualquer camionista. Segundo conta, as restrições de estacionamento de veículos pesados, começaram em Dezembro de 2023. Vários camionistas, ao regressarem ao concelho na altura do Natal, depararam-se com sinalização que proibia o estacionamento de camiões na zona junto ao E.Leclerc. Víctor Ângelo diz que questionou a câmara e procurou saber onde e quando havia sido determinada essa medida. “Não existe nenhum documento que explicite em que reunião a medida foi tomada. Foi feito de forma a que as pessoas não soubessem. Fomos todos surpreendidos”, garante. O mesmo se sucedeu com a colocação dos blocos de cimento, mais recentemente.
O motorista lamenta que o presidente Jorge Faria não queira receber e ouvir os camionistas e, que quando o faz, não use os melhores modos. “Não nos quer receber nem tem essa boa vontade. Quando recebe, é aos gritos ou de forma arrogante. Disse-nos que poderíamos usar a zona industrial que não tem segurança nem capacidade para albergar todos os camiões dos motoristas que residem no Entroncamento”, diz. Após lhe terem sido furtados 500 litros de combustível, do camião, na zona industrial do Entroncamento, Victor Ângelo viu-se obrigado a mudar, recentemente, de empresa, para evitar deslocações ao concelho.
Pelo que sabe de colegas que trabalham na região, os camionistas do Entroncamento e dos arredores, deixam os veículos em Torres Novas por falta de espaços seguros e com capacidade no Entroncamento. “A legislação obriga que a câmara determine um local seguro, adequado e compatível para que os motoristas consigam parar o camião e não existe isso no Entroncamento”, afirma Victor Ângelo.

Mais Notícias

    A carregar...
    Logo: Mirante TV
    mais vídeos
    mais fotogalerias

    Edição Semanal

    Edição nº 1697
    01-01-2025
    Capa Vale Tejo
    Edição nº 1697
    01-01-2025
    Capa Lezíria/Médio Tejo