Sociedade | 06-11-2024 10:00

Assentiz é a freguesia de Torres Novas que mais sofre com a falta de acesso a serviços

Assentiz é a freguesia de Torres Novas que mais sofre com a falta de acesso a serviços
População de Assentiz tem-se unido na luta para garantir um médico de família na freguesia

Problema da falta de médico de família na freguesia de Assentiz, no concelho de Torres Novas, tem sido muito difícil de resolver. Freguesia continua sem médico e comissão de utentes diz que é uma realidade transversal a outros concelhos do Médio Tejo.

A falta de um médico de família na freguesia de Assentiz, no concelho de Torres Novas, problema que se arrasta desde 2022 e afecta uma população maioritariamente idosa, fez a Comissão de Utentes da Saúde do Médio Tejo (CUSMT) afirmar que a freguesia “é a mais distante da sede do concelho, com escassos transportes, com população envelhecida e de parcos recursos, e é difícil compreender que digam à população que a alternativa é na cidade de Torres Novas”, afirmou à Lusa Manuel José Soares, porta-voz dos utentes da saúde.
A comissão está “a preparar uma iniciativa pública” reivindicativa de cuidados de saúde de proximidade que vai juntar a população em plenário no dia 7 de Novembro, na Junta de Freguesia. Recorde-se que, tal como O MIRANTE noticiou recentemente, a médica que estava de serviço na extensão de saúde local deixou de aparecer. O assunto foi denunciado na última assembleia municipal, que se realizou a 30 de Setembro, pelo presidente da junta Leonel Santos.
Segundo Manuel Soares, o problema da falta de médico de família numa freguesia com cerca de 2.500 habitantes e que dista 17 quilómetros da sede do concelho “não se prende apenas com questões de ordem clínica, mas também de ordem burocrática, com as necessidades dos utentes ao nível de baixas, atestados médicos”, entre outros. O problema, notou, arrasta-se desde 2022 e afecta uma população maioritariamente idosa, sendo colocado pontualmente um médico na freguesia, mas sem se conseguir a fixação dos clínicos. “O que se passa é que não se consegue arranjar médico que de alguma forma possa lá ficar de forma permanente, o que era agora o caso, porque a médica que adoeceu pertence aos quadros do SNS [Serviço Nacional de Saúde] e foi-lhe atribuído aquele ficheiro. As coisas iam caminhando normalmente, [mas] houve um episódio de doença da médica e neste momento não há substituto”, explicou.
Contactada pela Lusa, a Unidade Local de Saúde (ULS) do Médio Tejo confirmou a ausência de um clínico em Assentiz, assegurando que “fez todos os esforços para atrair profissionais para os cuidados de saúde primários em todos os concelhos da região”. “Neste caso, a ULS Médio Tejo já está a ultimar uma solução temporária para a ausência da médica da extensão de Assentiz, por motivo inesperado de doença súbita. A prestação de cuidados de saúde aos utentes desta freguesia está a ser garantida através da Unidade de Cuidados de Saúde Personalizados de Torres Novas”, acrescentou.
Na resposta à Lusa, o conselho de administração da ULS indicou ainda que, para resolver o problema da falta de médicos, tem focado a sua estratégia em três eixos. “Continuar a aumentar, potenciar e comunicar a atractividade de desenvolvimento das carreiras médicas na região do Médio Tejo a recém-especialistas, através da diferenciação da instituição, optimizar e reorganizar os recursos humanos existentes, para garantir a máxima cobertura possível e minimizar os impactos na população face a constrangimentos, e encontrar soluções face a situações de ausências por motivos inesperados - como em Assentiz”, referiu.

Problema não é só de Assentiz
De acordo com a CUSMT, o problema no Médio Tejo não se cinge a Assentiz, já que apesar de existirem concelhos com “coberturas razoáveis”, como Ferreira do Zêzere e Entroncamento, outras freguesias estão com “muitas dificuldades”, nomeadamente em Tomar, nas freguesias de São Pedro e Beselga, e também em Constância, Sardoal, Abrantes, Mação e Alcanena. O porta-voz dos utentes de saúde defendeu, por isso, a necessidade de “encontrar soluções para os meios rurais e para os meios mais isolados”, insistindo que “essas pessoas também precisam de cuidados de saúde e cuidados médicos” de proximidade.

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