Sociedade | 07-11-2024 12:00

Actuação de Domingos Chambel na relação com António Campos enfraqueceu a vida associativa da Nersant

Actuação de Domingos Chambel na relação com António Campos enfraqueceu a vida associativa da Nersant
António Campos, que se despediu da Nersant, foi, segundo testemunhas no julgamento que decorre no Tribunal de Santarém, vítima de uma actuação para que batesse com a porta

Elementos da direcção da Associação Empresarial da Região de Santarém – Nersant testemunharam em tribunal, no caso que opõe o ex-presidente da comissão executiva, António Campos, ao ex-presidente da direcção, Domingos Chambel. A liderança de Chambel criou disfuncionalidades que fizeram a organização perder o foco. Três dirigentes já foram ouvidos e confirmaram que Chambel queria fazer com que Campos batesse com a porta, como aconteceu.

Na presidência de Domingos Chambel na direcção da Associação Empresarial da Região de Santarém – Nersant, foram criadas disfuncionalidades devido a divergências deste com o presidente da comissão executiva, António Campos. O que levou a um decréscimo da importância e operacionalidade da associação. Esta foi uma das situações que mais sobressaiu do julgamento do caso em que António Campos, que se despediu por justa causa, pede uma indemnização de cerca de 200 mil euros. José Coimeiro, que foi tesoureiro da associação no mandato de Chambel, afirmou como testemunha que com estas “briguinhas palacianas” a Nersant, que era a melhor associação regional do país, “foi perdendo o foco e a alma, sendo hoje significativamente mais fraca na sua acção”.
Tanto este elemento da direcção e empresário de Benavente, como João Lucas, empresário de Santarém e que era vice-presidente de Chambel, confirmaram que o então líder da instituição teve uma actuação com o objectivo de fazer António Campos bater com a porta ao fim de quase três décadas de trabalho na Nersant. José Coimeiro disse também que houve nesse período duas demissões e algumas pessoas demonstraram vontade de se afastarem. Contou ainda que Domingos Chambel tinha características diferentes dos anteriores presidentes e que se começou a sentir algum desconforto e competição entre os cargos de presidente da direcção e o de presidente da comissão executiva.
Ficou claro que houve uma sobreposição de Chambel em relação às funções da comissão executiva, que José Coimeiro classificou de estilo autoritário, classificando a equipa executiva com António Campos à cabeça “muito competente”. O empresário e ex-vice-presidente da associação sublinhou que não havia ninguém na direcção para fazer o trabalho das candidaturas a projectos que eram feitos pela comissão executiva. E acrescentou que se a liderança fosse dele “não tinha tomado conta da Nersant como o Chambel fez”. “Quem tinha uma equipa daquelas tinha que a ter aproveitado melhor”, reforçou José Coimeiro. Antes, Diogo Ramos, que também estava nos órgãos sociais na altura, já tinha testemunhado que Domingos Chambel começou a pôr em dúvida todo o trabalho de António Campos.
Diogo Ramos disse ter admiração por Domingos Chambel por ser um empresário reconhecido, mas considerou que na Nersant cometeu erros e bloqueou a acção executiva. Ouvida também na sessão de terça-feira, dia 5, a ex-presidente da associação, Salomé Rafael, explicou que a associação muitas vezes, no âmbito dos projectos financiados a nível europeu, tinha de pagar primeiro e depois é que recebia, o que chegava a demorar mais de um ano. Pelo que, acrescentou, havia necessidade de frequentemente recorrer à banca e que nos seus mandatos era a comissão executiva, liderada por António Campos, que analisava essa necessidade e na maioria das vezes era ele que negociava os empréstimos.
João Lucas disse que havia a ideia latente no mandato de Domingos Chambel que era o de “devolver o poder à direcção”, porque se achava que a comissão executiva tinha muito poder. Mas salientou que nenhuma direcção substituiria o trabalho dos elementos da comissão: Luís Roque na área da formação, a elaboração de projectos financiados por Pedro Félix e o trabalho de António Campos que “era o operacional que fazia com que a associação funcionasse”. O empresário realçou ainda que se demitiu das funções de vice por deixar de ter confiança no presidente, contando que o então presidente da comissão executiva colocava questões por e-mail ao presidente e que este algumas vezes não respondia, acrescentando que em determinada altura as funções executivas deixaram de ser feitas.

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