Dono do Grupo Verdasca diz que construiu sem licença em Fátima porque não podia pôr em causa investimento
Dono do Grupo Verdasca reconhece que não devia ter começado as obras sem licenciamento, mas justifica que já tinha maquinaria na empresa para um projecto único em Portugal, de casas pré-fabricadas para habitação social e residências de estudantes, e não podia pôr em causa um investimento com recurso a empréstimos. Fernando Verdasca garante que o processo de licenciamento está em curso na Câmara de Ourém.
O empresário Fernando Verdasca garante que o processo de legalização das instalações em Fátima, que já foram alvo de três embargos da Câmara de Ourém e um da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR-LVT), está a andar no município e que deve entrar em fase de conclusão em breve. O administrador do Grupo Verdasca, reconhece que terá de pagar multas por ter iniciado as obras sem os procedimentos estarem concluídos, mas ressalva que não podia estar à espera porque está em causa um grande investimento com recurso a financiamento bancário e projectos no IAPMEI para maquinaria.
Fernando Verdasca explica que o que está em causa é uma ampliação da fábrica numa área de 300 mil metros quadrados da empresa, em que apenas estão a ser usados cerca de 20 mil metros quadrados de construção. A ampliação das instalações, diz o empresário, é de grande importância para a região e o país, uma vez que servem para fazerem casas pré-fabricadas em betão e madeira já com redes de águas, esgotos e electricidade para habitação social e residências de estudantes, podendo ter outras utilizações. Segundo revela é utilizada uma tecnologia alemã e podem ser feitos módulos por exemplo para hotéis.
Segundo o empresário este projecto, que inclui dois armazéns, representa um investimento de mais de 20 milhões de euros em empréstimos bancários, sendo que só em gruas foram gastos cerca de 2,6 milhões de euros. Fernando Verdasca explica também que foi necessário avançar com os armazéns porque a maquinaria importada já tinha chegado à empresa e não podia estar no exterior sujeita às condições climatéricas. Realça ainda que este é um projecto com características únicas em Portugal, que tem 860 trabalhadores e garante que tem documentação da câmara a dizer que o processo de licenciamento está em curso.
Recorde-se que na semana passada a associação ambientalista Quercus tinha vindo publicamente alertar para a construção de pavilhões junto da Estrada do Cabecinho, numa área de Floresta de Conservação definida no Plano Director Municipal de Ourém e integrada na REN, sem que exista qualquer licenciamento, o que constitui um atentado ambiental”.
O vice-presidente do Conselho Diretivo da CCDR-LVT, José Manuel Alho, que já foi vereador da Câmara de Ourém, diz que na sequência de uma denúncia, foi efectuada uma acção de fiscalização ao local no âmbito do Regime Jurídico da REN e também foi feito um embargo dos trabalhos. José Manuel Alho confirma que estas obras foram “realizadas sem alvará de construção ou qualquer outro tipo de licenciamento”. Segundo José Alho desta acção de fiscalização resultou “o levantamento de auto de notícia por contraordenação e o embargo dos trabalhos” identificados, estando em curso “os procedimentos legais aplicáveis”.