Sociedade | 10-11-2024 10:00

Foi roubado em Vila Franca de Xira e cruzou-se com os ladrões no supermercado

Foi roubado em Vila Franca de Xira e cruzou-se com os ladrões no supermercado
TEXTO COMPLETO DA EDIÇÃO SEMANAL
Dionaldo Bernardo vive e trabalha em Vila Franca de Xira há 14 anos e diz temer pela sua vida

Dionaldo Bernardo foi coagido e forçado por três homens a transferir todo o dinheiro que tinha na conta quando estava na sua loja, no centro de Vila Franca de Xira. Apresentou queixa na Polícia e quando, dias depois, viu os assaltantes no supermercado ligou à PSP a pedir ajuda mas diz que ninguém fez caso.

Dionaldo Bernardo vive com medo desde 11 de Setembro, quando foi coagido e forçado dentro da sua loja por três homens a transferir-lhes todo o dinheiro que tinha na conta. Dias depois cruzou-se com os assaltantes no supermercado e apesar de ter ligado de imediato à Polícia de Segurança Pública (PSP) diz que ninguém fez caso do seu apelo.
O acto violento aconteceu dentro do salão de estética e cabeleireiro de que é proprietário, o “Di-Maker”, na Rua Noel Perdigão, no centro de Vila Franca de Xira. Dionaldo Bernardo é natural do Recife, no Brasil, e chegou a Portugal em 2001 quando trabalhava numa empresa de cruzeiros dos Açores. Vive e trabalha em VFX há 14 anos e foi a primeira vez que foi assaltado.
Segundo conta a O MIRANTE, passavam poucos minutos das 14h40 quando um homem, entrou no salão a pedir para fazer a barba. Quando se sentou na cadeira e vendo que Dionaldo Bernardo trabalha sozinho no estabelecimento, fez sinal a outros dois comparsas que estavam na rua, que rapidamente cercaram Dionaldo Bernardo e o obrigaram a dar todo o dinheiro que tinha na conta.
“Fecharam-me a porta e fiquei aqui encurralado, cercaram-me e tive medo que estivessem armados. Disseram-me que ou transferia o dinheiro ou iria sentir o que eles seriam capazes de fazer”, recorda. Nesse instante foi obrigado a transferir por MBWay 500 euros, tendo depois sido forçado a entrar na sua aplicação de homebanking e a transferir o restante que tinha em sua posse, sobrando apenas um euro. No total, o grupo sacou perto de 980 euros em poucos minutos, desaparecendo de seguida e prometendo voltar para roubar mais. O caso chocou os clientes de Dionaldo Bernardo, que o têm ajudado. Foi à esquadra de Vila Franca de Xira da PSP e apresentou queixa. Um dos assaltantes já tinha passado várias vezes pelo salão em momentos anteriores para cortar o cabelo.

Encontrou assaltantes no supermercado
Perto de uma semana depois do assalto, ao ir ao Pingo Doce de Vila Franca de Xira o empresário diz ter-se deparado com a presença dos assaltantes no local, tendo de imediato ligado para a esquadra a pedir ajuda, mas lamenta ter sido mal atendido. “Liguei para a esquadra dentro do supermercado a dizer que as pessoas que me tinham assaltado estavam à porta e o polícia respondeu-me a perguntar o que queria que eles fizessem. Foi uma resposta péssima. Fiquei sem acção. Como é que você liga para a polícia a dizer que três indivíduos o assaltaram e ninguém faz nada?”, questiona.
Incrédulo, Dionaldo Bernardo garante ter clamado por ajuda, por ter medo do que lhe poderiam fazer, mas mesmo assim terá alegadamente sido deixado à sua sorte. “Perguntaram-me se eu achava que eles me iam assaltar na rua com tanta gente a passar. Depois o polícia disse-me que ia para uma ocorrência e que quando voltasse passava lá para os assustar. E desligou-me o telefone”, lamenta.
Segundo o empresário o objectivo de contar a sua história é tentar sensibilizar as forças policiais para serem mais atentas aos pedidos dos cidadãos. “É pedir à polícia que nos ajude. A minha revolta é ter sido assaltado e sentir que a polícia não tem feito o suficiente para me ajudar a encontrar quem me assaltou. Isto não foi normal. Infelizmente não vejo uma polícia adequada à sociedade, pronta e capacitada para nos ajudar e proteger. Estou com medo”, lamenta.
Desde o assalto, Dionaldo Bernardo passou a trabalhar com a porta da loja fechada e apenas a abre quando está com clientes. Não esconde ter sentido que foi tratado desta forma pela polícia por ser brasileiro. “Não vou mentir, senti essa dúvida, fiquei muito constrangido”, lamenta.
O MIRANTE questionou a PSP de Vila Franca de Xira sobre a situação mas não recebeu resposta até à data de fecho desta edição.

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