Voluntários pedem que os deixem trabalhar no canil municipal de Coruche
Município de Coruche reconhece a necessidade de rever o protocolo com a associação e projecta nova abordagem para 2025. Munícipe foi à reunião de câmara deixar críticas ao funcionamento do espaço.
Madalena Lino, cidadã de Coruche e voluntária no canil municipal, apela à câmara municipal a reactivação das actividades de voluntariado no espaço, suspensas desde 31 de Março. A munícipe criticou a associação local pela falta de envolvimento dos sócios e pela postura de confronto com o município, que, na sua visão, está a prejudicar os animais.
“Vim à reunião para saber se já temos autorização para retomar o voluntariado no canil, como fazíamos todos os domingos. Há meses que aguardamos uma resposta da câmara e, enquanto puder, continuarei a pedir e lutar para podermos libertar e brincar com os animais”, disse Madalena Lino, que referiu representar um grupo de voluntários de longa data. “Sempre fizemos o voluntariado sem problemas, com um gesto de bondade que nos dá grande satisfação”, salientou na última reunião de câmara, criticando a associação pela “chantagem” nas suas exigências.
Madalena Lino declarou-se decepcionada com a postura da associação, considerando que esta “só vê verde” e não consulta os sócios nas decisões que toma, ou seja, uma postura que, segundo a mesma fonte, não deve existir numa associação que tem como missão o bem-estar dos animais. “Eles acham que, exigindo tudo, a autarquia vai ceder, mas quem acaba por sofrer são sempre os mesmos: os animais”, enfatizou, acrescentando que a necessidade de melhorias no canil é consensual, mas não vê progresso devido ao impasse. “Todos sabemos que o canil precisa de obras, sabemos que eles precisam de dinheiro o mais rapidamente possível, mas como a associação está a agir nunca irá a lado nenhum”, lamenta.
Autarquia reconhece que modelo actual não serve
O presidente da Câmara de Coruche, Francisco Oliveira, reconheceu a importância do voluntariado no canil e reiterou a dignidade desse acto, realçando que “o voluntariado é essencial para o bem-estar e a socialização dos animais”. O autarca sublinhou a existência de um protocolo com a Associação dos Amigos dos Animais para assegurar a manutenção do canil nos fins-de-semana, mas indicou que, devido a questões internas da associação, esta responsabilidade tem recaído nos funcionários municipais.
Francisco Oliveira avançou que irá reunir com a direcção da associação para definir uma nova abordagem para 2025, que possa resolver a actual situação, possibilitando uma melhor gestão e uso das instalações. O autarca destacou a importância de manter as práticas de visitas e adopções dentro das normas estabelecidas pelo veterinário municipal e sublinhou que o modelo de funcionamento actual, que diz ser “híbrido”, precisa de ser repensado.
Novo canil no horizonte
O edil pretende até final do mandato iniciar o esboço de um projecto para a construção de um novo canil em Coruche, com instalações que respeitem as normas e proporcionem melhores condições aos animais e aos trabalhadores. Francisco Oliveira frisou que esta meta terá de ocorrer no curto prazo visto que o veterinário municipal, Nuno Figueiredo, “está de saída”. O autarca socialista tem apalavrado com o profissional uma deslocação ao canil do Cartaxo como fonte de inspiração para a construção do futuro canil.
Recorde-se que o canil existente nas instalações da autarquia foi criado assente no pressuposto de que iria ser elaborado um canil intermunicipal dos municípios da Lezíria, algo que não se concretizou e precipitou um crescimento “atamancado” do actual espaço.