Críticas à gestão socialista em balanço de mandato na Assembleia Municipal de Azambuja
Numa intervenção mordaz, o PSD classificou como “inadmissível” a forma como o presidente da Câmara de Azambuja trata a única vereadora mulher da oposição. Socialistas ouviram ainda críticas dos outros partidos em matérias de Saúde, Educação e Cultura.
Os partidos representados na Assembleia Municipal de Azambuja, à excepção da bancada do Partido Socialista, fizeram várias críticas à forma como o executivo socialista tem gerido os destinos do concelho de Azambuja. Na sessão extraordinária cujo único ponto da ordem de trabalhos era debater o estado do município também o presidente de câmara, Silvino Lúcio (PS), fez um balanço do actual mandato, mencionando os projectos que estão concluídos e aqueles que espera que avancem brevemente.
O discurso mais duro foi o da eleita do PSD, Maria João Canilho, que acusou Silvino Lúcio de não respeitar as mulheres, referindo-se às expressões que utiliza para se dirigir à vereadora do Chega, Inês Louro, em reuniões públicas. “É inadmissível que um presidente de câmara se dirija a uma mulher, por acaso vereadora, e diga que ela ganha a vida com a boca e que é boa de língua, que diga que ela está muito excitada”, afirmou, considerando igualmente “inadmissível” que o vice-presidente “dê cobertura a estas palavras” e que as outras vereadoras (PS e CDU - que tem acordo governativo com os socialistas) assistam a isto de forma omissa e não se indignem nem reajam”.
“Se o presidente da câmara destrata assim uma mulher, temos toda a legitimidade de perguntar: como será que trata os trabalhadores municipais e em particular as mulheres?”, questionou Maria João Canilho, sublinhando que “as reuniões de câmara têm de voltar a ser um local de trabalho com respeito pelos eleitos e trabalhadores municipais que têm vergonha das chefias políticas que não se sabem comportar”.
Em resposta, o presidente do município afirmou que a eleita do PSD e antiga vereadora na Câmara de Azambuja se foi lamuriar “em causa alheia”, defendendo-se com uma intervenção de um deputado do Chega na Assembleia da República que disse que o primeiro-ministro “estava muito excitado”. Na opinião do socialista, com esta intervenção o PSD só está “a crer conquistar eleitorado”.
Escola de Vale do Paraíso e Aveiras de Cima com financiamento
Um dos assuntos mais abordados pelos eleitos foi o da Educação, em particular o atraso na requalificação da Escola Secundária de Azambuja, onde as condições de funcionamento se têm vindo a deteriorar, onde falta espaço e um pavilhão para os alunos terem aulas de Educação Física. A eleita da CDU, Marta Dinis, destacou ainda a má qualidade de isolamento acústico nas salas, reportando queixas de que os alunos ouvem tudo o que se passa fora da sala de aula. Sobre esta matéria, o presidente do município disse que o projecto está praticamente terminado e que nele foi incluída a construção do pavilhão desportivo que irá custar cerca de 2,5 milhões de euros.
Silvino Lúcio revelou que a escola primária em Vale do Paraíso vai ser uma realidade, estando garantido financiamento de 1,4 milhões de euros, no âmbito do Portugal 2030, assim como a requalificação da Escola Básica de Aveiras de Cima para a qual foi conseguido financiamento na ordem do meio milhão de euros.
Médicos não concorrem às vagas abertas
Em matérias de Saúde, PSD, Chega, Bloco de Esquerda, CDS e CDU consideraram que o município vai mal e que o projecto Bata Branca não é solução para resolver o problema da falta de médicos de família. Uma posição partilhada pelo presidente da câmara, que salientou as “cinco vagas” para a colocação de médicos de Medicina Geral e Familiar têm estado “abertas permanentemente” sem que se consiga captar interessados. O autarca socialista adiantou ainda que o concurso público para a obra de requalificação do posto de saúde de Alcoentre vai ser lançado no início de Novembro.
Relativamente à Cultura, Silvino Lúcio disse, em resposta à eleita do Chega, Fátima Pinto, que o município está a “tratar do financiamento” para a construção de um espaço multiusos/reabilitação do antigo cinema de Aveiras de Cima. “Temos o projecto, agora falta arranjar dinheiro. São seis milhões de euros”, advertiu.
Depois de elencar um conjunto de obras em curso, como a ampliação do cemitério de Aveiras de Cima e a estabilização do talude em Casais do Farol, Silvino Lúcio terminou a sua intervenção destacando que o município tem um prazo médio de pagamento a fornecedores dos mais baixos do país e que a dívida do município, composta essencialmente por empréstimos bancários, se situa abaixo dos 4,7 milhões de euros.