Mudança de contadores deixa moradores do Sobralinho sem água durante cinco dias
Residentes do lote 6 da Rua José Pinheiro, no Sobralinho, passaram dias complicados devido a uma ruptura na rede de água e dizem ter-se sentido abandonados pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento de VFX, que já vieram lamentar o que aconteceu.
Foram seis dias sem uma gota de água nas torneiras e nos chuveiros para os moradores do lote 6 da Rua José Pinheiro no Sobralinho, concelho de Vila Franca de Xira. O que parecia ser apenas uma rotineira mudança de contadores de água, por parte de uma empresa sub-contratada pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS), rapidamente escalou para uma ruptura da coluna principal de abastecimento do prédio que acabou por deixar durante seis dias 40 pessoas do edifício de cinco andares sem água, incluindo no feriado do Dia de Todos os Santos.
Gonçalo Ferraz é polícia de profissão e administrador do condomínio e conta a história a O MIRANTE no sentido de apelar aos SMAS para que possam rever os seus procedimentos e forma de actuação para evitar que, no futuro, situações semelhantes possam voltar a acontecer com outros moradores.
No dia 30 de Outubro, sem aviso prévio, um grupo de trabalhadores que disse estar a trabalhar para os SMAS de VFX apareceu no prédio e começou a substituir os contadores de água. “Não avisaram previamente que o iam fazer, foram cortando a água nos contadores e nem sequer tocaram às campainhas a avisar as pessoas para desligarem as máquinas que estivessem a usar”, lamenta Gonçalo Ferraz.
A mudança de contadores rapidamente escalou para um problema numa das canalizações, que começou a verter água para as escadas. Ao tentar cortar a água, os funcionários viram que a válvula de segurança do prédio estava demasiado velha e degradada para funcionar, tendo tentado fechá-la com a ajuda de uma marreta. “Tanto bateram e com tanta força que acabaram por danificar o cano de abastecimento do prédio e causar uma ruptura ainda maior”, conta o administrador, que só deu com a situação quando, ao final do dia, regressou a casa do trabalho para ver o chão do prédio inundado e a água cortada.
“Ficámos a viver na Idade Média”
No dia seguinte, uma equipa dos SMAS apareceu no local para trocar a válvula de segurança do prédio. “Cortaram o cano do prédio quando trocaram a válvula e foram embora, deixaram-nos sem água na véspera de feriado e fim-de-semana prolongado. Quando liguei a perguntar, nunca consegui falar directamente com ninguém responsável, apenas o atendimento geral que me disse que agora a água só ia ser restabelecida quando o prédio fizesse a obra e colocasse um cano novo”, critica. Acabou por ter de ser o condomínio a contratar à pressa uma empresa para tentar resolver o problema, já na segunda-feira, 4 de Novembro, que à data de fecho desta edição, apesar dos moradores já terem água, a obra ainda não estava concluída.
Ao terceiro dia seguido sem água, Gonçalo Ferraz começou a enviar reclamações para os SMAS sobre o assunto, enquanto alguns vizinhos começaram a carregar garrafões de água e outros a ter de ir a casa de familiares para poderem tomar banho ou lavar roupa. Dizem ter ficado a viver como na Idade Média. “Num país que se diz civilizado, isto não é aceitável. Foi uma demora imensa. Espero que encontrem neste caso um exemplo para melhorar os procedimentos para que não se repitam”, referem os moradores.
Administrador foi ao local
Um dia depois de O MIRANTE ter contactado o município de Vila Franca de Xira sobre este assunto, o presidente do conselho de administração dos SMAS, Vítor Moreira, ligou directamente ao administrador do condomínio e foi ao local inteirar-se da situação. Segundo Gonçalo Ferraz, o responsável dos SMAS prometeu apurar responsabilidades sobre o que aconteceu. “Pediu-nos desculpa e diz que não é esta a política que quer implementar nos SMAS, o que compreendemos. No entanto a verdade é que nos sentimos abandonados durante cinco dias”, lamenta Gonçalo Ferraz.
Ao nosso jornal, os SMAS lamentam o que aconteceu aos moradores e explicam que no âmbito da política de combate às perdas de água têm em curso um programa de substituição de contadores que teve início no final do mês de Setembro, prevendo-se até ao final do ano a troca de 2.000 contadores. Neste caso, os SMAS confirmam a ruptura da coluna principal de abastecimento do prédio, recusando no entanto que a mesma tenha sido consequência directa da troca dos contadores.