Vala poluída em Coruche afecta moradores e terrenos de cultivo
Moradores do Bairro da Areia, em Coruche, alertam para problemas de drenagem e poluição na linha de água que passa nas traseiras das suas habitações. A câmara municipal está a estudar soluções temporárias para mitigar o impacto da situação.
A drenagem de uma linha de água na Estrada da Lamarosa, no Bairro da Areia, em Coruche, tem gerado queixas e preocupações entre quem vive nas proximidades, principalmente durante o período de Inverno. O problema remonta ao século passado, no entanto, a Câmara Municipal de Coruche garante que vai continuar a reforçar a manutenção da vala e está a estudar novas soluções para resolver este problema recorrente.
Na última reunião do executivo camarário, Ana Maria Abrantes e Leonor Feliciano, residentes no Bairro da Areia há várias décadas, sensibilizaram o município para a situação, pedindo soluções para a estagnação da água, a poluição e os problemas de drenagem que afectam os terrenos. “O que nós queremos é que a água saísse dali. Ela está estagnada, cheia de poluição, como é possível constatar. Existem casas do outro lado da rua que estão a mandar os esgotos para cá e a água imunda fica parada. Quando é Verão, a vala está sempre cheia de mosquitos e cheira muito mal”, queixou-se Ana Maria Abrantes.
O presidente da câmara, Francisco Oliveira, explicou que a linha de água se situa numa zona de paul, o que dificulta o escoamento natural. “Estamos a falar de uma linha de água que tem uma dificuldade muito grande na sua drenagem, uma vez que tem a pendente invertida, ou seja, não tem uma pendente de escoamento natural que permita a drenagem daquelas águas. E o que é facto é que cada vez que chove, especialmente no Inverno, a situação tende a agravar-se um pouco”, disse o autarca.
Ana Maria Abrantes revela que a estagnação da água tem degradado a qualidade do terreno ao ponto de esta afectar as plantações. “Antigamente a água vinha, mas era apenas água; agora, com os esgotos das casas contíguas à vala, tudo fica poluído. Quando a água sobe, queima os vegetais e legumes plantados e torna o cultivo inviável”, acrescentou a moradora. A residente lamenta ainda a ausência de acesso que permita elevar o seu terreno.
Soluções são complexas e dispendiosas
Em declarações a O MIRANTE, Francisco Oliveira detalhou que a autarquia tem realizado manutenções e limpezas regulares, dentro das suas possibilidades, e já efectuou vários estudos com especialistas para encontrar formas de drenar o designado Vale do Paul. No entanto, as soluções encontradas são, além de dispendiosas, tecnicamente complexas.
Como alternativa, a autarquia já considerou a instalação de uma estação elevatória para bombear a água da vala, mas os custos elevados, superiores a 100 mil euros, representam um entrave. “Vamos tentar encontrar uma solução temporária, através do aluguer de equipamentos, que possa reduzir os impactos nas áreas agrícolas adjacentes, permitindo que os habitantes continuem a cultivar os terrenos para hortas e agricultura de subsistência”, acrescentou o presidente da câmara.
Francisco Oliveira sublinha que este é um problema de longa data. “Este problema existe desde sempre, sou autarca há 20 anos e a vala sempre existiu com estas dificuldades. O que se tenta é minimizar os problemas para que as pessoas possam utilizar os terrenos na proximidade da vala”, concluiu. A autarquia compromete-se a continuar os esforços para mitigar os impactos, procurando soluções temporárias e melhorando as condições de drenagem para apoiar os moradores do Bairro da Areia.