Sociedade | 16-11-2024 07:00

A união faz a força no Fátima Dojo Danketsu

A união faz a força no Fátima Dojo Danketsu
Pedro Vieira, Narciso Borralho e Dinis Filipe durante o treino em que O MIRANTE esteve presente

O Clube de Praticantes de Karaté de Fátima Dojo Danketsu nasceu em 2021. O projecto começou com nove praticantes e actualmente já são mais de 30 as pessoas envolvidas. O MIRANTE acompanhou um dos treinos e conversou com Narciso Borralho, o professor e criador do clube, e com dois praticantes que também estão no clube desde a fundação.

O Clube de Praticantes de Karaté de Fátima Dojo Danketsu é uma porta aberta no concelho de Ourém para quem já tem experiência na prática da arte marcial e para quem quer aprender mais. Nasceu em 2021 pelas mãos de Narciso Borralho, o professor do clube, e mais oito elementos cintos pretos. O projecto tem vindo a crescer, contando já com 33 elementos, de todas as idades e de diferentes escalões, sendo que a maior parte são cintos pretos, o nível mais elevado.
O clube tem como objectivos principais a prática do karaté tradicional e o desenvolvimento dos elementos enquanto pessoas. O grupo reúne-se às segundas e quintas-feiras à noite no Centro de Estudos de Fátima para duas aulas, uma para crianças e outra para adultos. O MIRANTE acompanhou um dos treinos e falou com o professor e responsável pelo grupo, Narciso Borralho, e com mais dois elementos do clube.
Narciso Borralho tem 59 anos e trabalha como comerciante na área do calçado e vestuário. Pratica karaté desde os 15 anos e dá aulas desde os 25. Mora na aldeia de Maxieira, em Fátima, concelho de Ourém. Decidiu criar o clube em 2021, com mais oito praticantes seus amigos, todos cintos pretos. Em conversa com O MIRANTE, explica que o projecto é uma “forma de estar na vida”. Narciso Borralho diz que a sua ideia era, visto que já tinha pelo menos 40 anos de prática, juntar pessoas com menos prática, que começaram consigo, e potenciar as suas competências, na perspectiva de se desafiarem e serem mais fortes.

Influenciado por Bruce Lee
Embora tenha começado só com cintos pretos, o grupo está aberto a toda a gente. “Tenho essencialmente cativado pessoas que já treinaram e desistiram”, explica. Narciso Borralho interessou-se pelo karaté devido a filmes que via em criança. “Comecei no futebol, não tinha muito jeito e comecei a ver filmes de Bruce Lee. Uma coisa que me cativava nesses filmes era que o mais pequeno é que conseguia vencer, lutava contra injustiças e ia defender os outros, isso começou-me a entusiasmar”, conta.
Foi então que, num jogo de futebol, alguém terá dito que ia começar a haver aulas de karaté num salão da sua aldeia e Narciso Borralho decidiu participar. “Vim para o karaté e comecei a ver que, afinal, não era bem assim como nos filmes, comecei a aperceber-me das minhas fragilidades, comecei a ver que afinal era muito fraco”, diz entre gargalhadas. Desde aí, nunca mais parou na prática da modalidade, foi conquistando cintos, até chegar ao cinto preto.
Narciso Borralho diz que o karaté é um escape para si, não se interessando tanto pela competição, mas sim pela prática e desenvolvimento pessoal. Sobre o nome do clube (Dojo Danketsu), Narciso Borralho explica que Dojo era uma localidade onde se praticava karaté e Danketsu significa união. “O lema do grupo é exactamente isso, a união faz a força”, sublinha.

O karaté como escape
Dinis Filipe tem 48 anos e pratica karaté há 33 anos. Começou em Fátima com Narciso Borralho. Desde os 14 anos, quando começou a praticar, influenciado pelo seu cunhado, só parou quando esteve na tropa e a estudar à noite. Diz que gosta de karaté porque o faz sentir-se bem. “A nível de saúde e para o desenvolvimento intelectual, há uma abertura da mente. O que eu gosto mais no karaté não é o karaté desportivo ou de competição, é o karaté que vai para além do que é físico e do que se vê, é uma forma de estar na vida, para mim é um escape”, refere. A nível profissional tem uma empresa de exploração florestal, trabalha com comércio de madeiras, vai à floresta extrair pinho e eucalipto. “É bom vir aqui treinar às segundas e às quintas para desligar um bocadinho do trabalho, senão não despego”, afirma. Dinis Filipe mora a 10 quilómetros de Fátima, em Santa Catarina da Serra, concelho de Leiria.
Pedro Vieira tem 52 anos e diz que entrou no clube por influência de Dinis Filipe. “Nós conhecemo-nos quando ambos estudávamos à noite e eu sempre gostei muito de artes marciais e karaté era uma delas. Vim a saber que tínhamos muito próximo um local onde poderia treinar, como tal, a reboque deste colega, acabei por juntar-me ao grupo”, explica. Pratica há 27 anos e diz que o karaté é um caminho de vida, uma forma de estar e de pensar. “O facto de uma pessoa vir aqui ao final do dia é um escape, e acaba por aliviar, quer mentalmente, quer fisicamente”, assume.
Esteve quatro anos sem praticar karaté devido a um grave acidente de viação. “Fracturei a coluna, os cirurgiões diziam que eu nunca mais podia praticar karaté, a verdade é que desde que voltei a praticar, não pondo de parte os conselhos dos neurologistas e cirurgiões, a minha qualidade de vida melhorou consideravelmente”, conta Pedro Vieira. Trabalha como jornalista freelancer, já trabalhou em televisão, rádio e imprensa.

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