É preciso incentivar as crianças a fazerem escolhas mais saudáveis no que diz respeito à alimentação
Dia da Alimentação e Cozinha Saudáveis: iniciativas em Almeirim promovem hábitos alimentares conscientes nas escolas. O MIRANTE conversou com a nutricionista Débora Marcelino para perceber quais os desafios e as recomendações para uma alimentação saudável.
Débora Marcelino, nutricionista municipal de Almeirim, está directamente envolvida nas iniciativas educacionais sobre a alimentação nas escolas. A 8 de Novembro celebrou-se o Dia da Alimentação e Cozinha Saudáveis e O MIRANTE conversou com a nutricionista para entender melhor os desafios e as recomendações para uma alimentação saudável. “O objectivo é construir uma sociedade onde a alimentação seja uma aliada para o bem-estar e a qualidade de vida”, afirma a especialista, acrescentando que uma das maiores preocupações é transformar a percepção das crianças em relação aos alimentos, incentivando-as a fazer escolhas mais saudáveis e informadas. “O que as crianças são agora vai ser o reflexo daquilo que vão ser no futuro, por isso, devemos investir muito na alimentação e trabalhar estas temáticas com os alunos”, vinca.
Uma das abordagens principais nas escolas é a promoção de alimentos frescos e variados. Débora Marcelino menciona que o estímulo ao consumo de frutas, legumes e vegetais é constante. Num primeiro plano, existe o regime de fruta escolar, no qual as crianças recebem uma porção de fruta diariamente. Esse programa não só oferece uma opção saudável, mas também incentiva o consumo de frutas, essencial para uma dieta equilibrada. Além disso, foi instituído o programa do leite escolar. Todos os dias, cada aluno recebe um pacote de leite, o que contribui para que as crianças obtenham cálcio e outros nutrientes importantes para o crescimento e fortalecimento dos ossos. Débora Marcelino destaca também que uma boa hidratação é fundamental. “O consumo de água ao longo do dia é muito importante e é a melhor escolha para manter o corpo saudável e activo”, salienta.
Importante educar os pais para hábitos saudáveis
Além das acções voltadas para o incentivo ao consumo de alimentos frescos, Débora Marcelino ressalta a importância de educar também os pais sobre o tema. “Muitos pais ainda acreditam que opções como croissants e pães de leite são lanches saudáveis, mas esses produtos são ricos em açúcares e gorduras”, esclarece. Para corrigir estas percepções, a participação da família é considerada essencial para reforçar bons hábitos. Débora Marcelino explica que para envolver os pais e responsáveis foi implementado um projecto que promove almoços compartilhados nas escolas. Nessas ocasiões, os pais são convidados a provar a mesma ementa que é oferecida às crianças, enquanto recebem orientações nutricionais, e respondem a um questionário de satisfação. Com programas educativos, o empenho das famílias e a valorização da sustentabilidade, a equipa de Débora Marcelino está a ajudar a plantar as sementes de uma cultura alimentar mais saudável e consciente, que vai impactar as futuras gerações.
O desafio de educar para o consumo consciente
No ano passado as escolas do concelho de Almeirim implementaram uma iniciativa inovadora em que os alunos foram incentivados a consumir sopas preparadas com cascas e talos de legumes, partes que muitas vezes são descartadas. O objectivo foi demonstrar como esses componentes dos alimentos podem ser aproveitados, evitando o desperdício e, ao mesmo tempo, enriquecendo as refeições em termos de nutrientes. Durante essa iniciativa foram utilizadas as cascas de legumes como batata, abóbora, cenoura e curgete, além dos talos de vegetais como couve e alface, todos incorporados na preparação das sopas. Débora Marcelino explica que “esse método de aproveitamento não só reduz o desperdício alimentar, mas também oferece benefícios nutricionais: as cascas e talos contêm fibras, vitaminas e minerais que muitas vezes são desperdiçados ao serem descartados. A inclusão desses nutrientes torna a sopa mais rica e equilibrada, oferecendo às crianças uma refeição com mais valor nutricional, além de promover a sustentabilidade e o aproveitamento total dos alimentos”, refere. A nutricionista considera crucial o combate ao desperdício alimentar. “O desperdício vem, em primeiro, das próprias casas e das quantidades que se compra por não estarem ajustadas para aquilo que é a necessidade de uma família. Depois é como se armazena a comida, porque ao armazenarmos mal, os alimentos podem estragar-se com mais facilidade”, vinca.