Investigadores confirmam boa qualidade dos solos agrícolas em Arruda dos Vinhos
Pela primeira vez foi estudado em oito localizações qual o real estado dos solos no concelho de Arruda dos Vinhos para a agricultura, num trabalho desenvolvido por investigadores do laboratório do centro de inovação ArrudaLab.
Os solos no concelho de Arruda dos Vinhos têm qualidade e capacidade para continuar a dar resposta às diferentes culturas, embora os agricultores não devam descurar continuar a analisar o estado em que se encontra a terra que cultivam. As conclusões foram apresentadas no Centro de Inovação ArrudaLab. Desde Setembro os investigadores dessa entidade analisaram em laboratório a composição da terra recolhida em oito locais distintos do concelho e chegaram à conclusão que, na generalidade, a qualidade das amostras foi positiva, com excepção de um produtor de coentros que estava a aplicar uma sobredosagem de fósforo no terreno.
“Numa primeira abordagem, o balanço é positivo. Existe um equilíbrio das capacidades dos solos em função da necessidade das culturas”, confirmou Luís Martins, especialista em biotecnologia, na apresentação dos primeiros resultados. O estudo tem como objectivo procurar respostas científicas para ajudar os agricultores a tomar decisões sobre quais as melhores culturas a semear para cada tipo de solo, e em que parcelas, e vai desenvolver-se durante cerca de dois anos.
“Há uma biodiversidade enorme nos nossos solos e qualquer agricultor que se queira instalar em Arruda dos Vinhos tem de fazer um estudo sustentável dos seus solos para perceber qual a cultura que melhor se adequa ao tipo de solo. Temos aqui de hortícolas a pomares e vinhas e são todas culturas diferentes com exigências diferentes, quer microbiologicas quer nutricionais”, explica o investigador do ArrudaLab. Para já, ficou a saber-se, os solos têm qualidade, nutrientes e minerais suficientes para as culturas que receberem. O objectivo do estudo é continuar a construir um histórico do estado dos solos para ajudar os agricultores do futuro.
O estudo revela ainda que os solos têm bastantes nutrientes e estão longe da exaustão. No que toca a doenças que afectem as culturas, os fungos são os mais dominantes. Outra das conclusões apontou que a maioria dos solos é rica em potássio, em valores acima do que seria ideal, mas que segundo os investigadores é um atributo natural do local onde se encontram e não resultante de sobredosagens. “Engane-se quem pensa que a agricultura não é uma ciência e um trabalho cada vez mais super técnico. Essa componente foi descurada durante muitos anos mas as coisas têm de mudar e vão mudar para quem quiser ser competitivo. As mentalidades estão a mudar”, defendeu Luís Martins.
Satélites ajudam a mapear solos
Os investigadores estão a fazer o mapeamento digital das propriedades dos solos, recorrendo à detecção remota através de satélite e drones e a recolher amostras do solo para serem sujeitas a análises físico-químicas e microbiológicas em laboratório. Os resultados obtidos vão contribuir para uma base de dados dos solos mais abrangente, para identificar as necessidades nutricionais das culturas, ajustar as práticas à realidade e tornar os recursos mais sustentáveis. Os investigadores do laboratório colaborativo vão também prestar apoio técnico aos agricultores. O laboratório do ArrudaLab, recorde-se, é gerido sob a coordenação da academia “Food4Sustanability”. O ArrudaLab, que possui também espaços de incubação para empresas, nasceu em 2021 no antigo edifício dos Paços do Concelho, após obras de requalificação que rondaram os 750 mil euros.