Acordo sobre caudal no rio Tejo é insuficiente para o Médio Tejo
Manuel Valamatos diz que acordo é benéfico mas ainda é insuficiente para as pretensões da população. Presidente da CIM promete continuar a trabalhar para que o rio tenha cada vez mais potencialidade.
O presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo considerou benéfico mas insuficiente o acordo entre Portugal e Espanha que garante um caudal diário no rio Tejo por não definir a obrigatoriedade de caudais ecológicos. “Julgo que é um passo em frente, pode não ser o suficiente ou o desejável de acordo com a nossa vontade e o nosso desejo, mas a verdade é que é um passo em frente e que há aqui um acordo que estabelece a obrigatoriedade diária de caudais de água bastantes, mais do que o que tem acontecido até agora”, sublinhou à Lusa Manuel Valamatos. Segundo notou o também presidente da Câmara de Abrantes “não é plena a satisfação, porque a questão dos caudais e da regulação diária e o caudal ecológico pode não estar completamente garantido” para o Tejo. “Há algum avanço, não é o que nós desejávamos na totalidade. Estamos aqui em sintonia com os movimentos da área do ambiente, que se manifestaram, de alguma forma, insatisfeitos com estas questões”, disse.
Frisando a importância dos caudais ecológicos, o autarca afirmou que a CIM vai continuar a lutar para se ter, “de forma muito mais regular, os caudais ecológicos a funcionar e para que haja maior estabilidade naquilo que são os caudais no rio Tejo”. Para o presidente é imperativo “continuar a trabalhar para melhorar” os níveis de quantidade e regularidade dos caudais. “Durante muitos anos lutámos com as questões mais da qualidade da água e fomos ultrapassando algumas dificuldades. Neste momento, é o tempo de conseguirmos maior regulação dos caudais. Houve aqui neste acordo avanços, e agradecemos por isso, mas queremos continuar a trabalhar para que o rio tenha cada vez mais potencialidade e cada vez mais possa também servir como agente promotor da competitividade da região”, vincou.
Recorde-se que os governos de Portugal e Espanha comprometeram-se em gerir as albufeiras no Tejo para evitar dias sem caudal, com Espanha a assegurar que liberta a partir da Barragem de Cedilho pelo menos um hectómetro cúbico diário de água. Portugal assegurará que os caudais libertados pelo concessionário português a partir da barragem de Belver sejam iguais ou superiores a 1,05 hectómetro cúbico diário (1,05 hm3/dia) no período de Maio a Novembro e 1,30 hm3/dia no período de Dezembro a Abril. O Movimento proTEJO criticou o acordo assinado entre os governos, considerando que se desperdiçou uma oportunidade única para a implementação de caudais ecológicos no maior rio ibérico.