Sociedade | 25-11-2024 21:00

Despejo de entulho em terreno da Junta de Mouriscas lança polémica

Moradores andam há meses a denunciar descargas de resíduos de construção num terreno da Junta de Mouriscas para onde esteve prevista a construção de um parque multiusos. Terreno está na posse da Junta de Freguesia de Mouriscas, que chegou, inclusive, a autorizar pelo menos uma das descargas antes de as proibir.

Os despejos de resíduos de construção e demolição num terreno da junta, no centro de Mouriscas, concelho de Abrantes, estão a preocupar alguns habitantes, que desconhecem a origem do entulho ali depositado, temendo que possa conter materiais considerados perigosos como solventes e amianto.
Os resíduos, que não estão compactados, não têm parado de crescer no terreno que foi cedido pela Câmara de Abrantes à junta de freguesia, há dois anos, para que esta ali instalasse o mercado semanal, o que ainda não aconteceu para descontentamento da comunidade. Houve camiões a entrar e a sair do local sem que se soubesse se tinham ou não autorização para ali descarregarem restos de materiais de obras. Houve dias, referiu um morador, em que foram vistos três camiões a fazer deposição de resíduos.
As queixas, que têm sido difundidas por populares nas redes sociais, chegaram à Assembleia de Freguesia de Mouriscas pela CDU que, em Setembro último, questionou a presidente da junta, Carla Filipe (PS), se já era novamente permitida por esta autarquia a descarga de entulho no Parque Multiusos. Em resposta, a presidente referiu que como a máquina da junta estava avariada “um senhor” fez-lhes “o favor de lá espalhar uns montes de terra”. Isto depois de, em Julho último, Carla Filipe ter assinado um edital a tornar pública a decisão da junta de freguesia a proibir o despejo de entulho no parque multiusos.
Contactada por O MIRANTE, a presidente da Junta de Mouriscas admitiu que a entrada de mais entulho não foi por si autorizada mas por uma funcionária daquela autarquia que já foi, sublinhou, alertada para não voltar a permitir o despejo de terra no local. “Está lá o aviso de proibido. Neste momento não podem pôr lá mais nada, ainda para mais quando não é terra”, disse.

Entulho para nivelar solo
O entulho foi despejado naquele espaço com a finalidade de nivelar o solo para a construção do futuro parque multiusos, cujo projecto ainda não saiu da gaveta e não sairá tão cedo já que, segundo Carla Filipe, a revisão do Plano Director Municipal bloqueou o avanço dos trabalhos.
Mesmo que seja para nivelamento do solo, os eleitos pela CDU consideram que deve haver um controlo sobre o tipo de entulho que é despejado no local, só devendo ser permitida a deposição de resíduos da Classe A (recicláveis/reutilizáveis). Em caso algum, alertaram, “podemos correr o risco de serem despejados resíduos da Classe D”, ou seja, resíduos considerados perigosos, como solventes, amianto presente nas calhas, tintas e óleos.
Questionada pelo nosso jornal sobre que tipo de resíduos foram despejados no terreno, a presidente de junta alega desconhecimento, admitindo que afinal não se tratava apenas de “terra boa”, mas de restos de obras. “Ainda não pensei no que vou fazer. Vou ver com a câmara [de Abrantes] até que ponto pode servir para encher, isto se não tiver lá material que seja prejudicial”, disse, acrescentando que se for esse o caso o entulho vai ter de ser retirado.

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