Palácios em risco de ruir em Azambuja vão continuar à espera de investimento privado
Palácio de Pina Manique e Palácio das Obras Novas são imóveis de interesse histórico e turístico há anos entregues a um programa do Governo que os publicita para concessão e recuperação com investimento privado. Presidente da Câmara de Azambuja reuniu com a Secretaria de Estado do Turismo e teme que haja derrocada das fachadas, já que vai continuar tudo na mesma.
O Palácio das Obras Novas, na freguesia de Azambuja, e o Palácio de Pina Manique, em Manique do Intendente, que apresentam sinais de degradação e risco de derrocada das fachadas, vão continuar à espera do interesse de algum privado para serem requalificados. Os dois monumentos históricos do concelho de Azambuja estão há vários anos no Revive, um programa lançado pelo Governo que abre o património ao investimento privado para o desenvolvimento de projectos turísticos, através da concessão da sua exploração por concurso público, mas até agora não houve interessados.
O estado de degradação dos imóveis está a preocupar o presidente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio (PS), que, este mês de Novembro, reuniu com o secretário de Estado do Turismo, Pedro Machado, numa tentativa de serem encontradas soluções. “São uma preocupação porque quer um quer outro estão em risco de ruir”, diz a O MIRANTE o autarca, lamentando que os imóveis com interesse histórico e turístico estejam há vários anos à espera que algum privado os queira recuperar.
Silvino Lúcio refere que a Câmara de Azambuja “não tem condições financeiras” para receber os palácios e avançar com a sua recuperação, que iria necessitar de um investimento na ordem dos milhões de euros. E lamenta não ter visto da parte do Governo interesse em avançar com a sua requalificação, pelo menos com a consolidação das fachadas. “Espero que o pior não aconteça e depois seja tarde”, sustentou o autarca, acrescentando que o que ficou acordado ambas as partes tentarem encontrar interessados naqueles imóveis.
O Palácio em Manique do Intendente, edifício que pertenceu ao famoso Intendente da Polícia durante o reinado de D. Maria I, está em acentuado estado de degradação, apesar de classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1993. Segundo o que é descrito no programa Revive, a área a afectar para uso turístico é a totalidade do imóvel, excluindo a capela.
Junta de freguesia tem investido na recuperação de salas do Palácio de Manique
A União de Freguesias de Manique do Intendente, Vila Nova de São Pedro e Maçussa realizou obras de recuperação em três salas do palácio, uma delas onde funciona actualmente a casa mortuária. Noutra, onde se realizaram em tempos as sessões da assembleia de freguesia, a junta tem intenção de lá instalar um museu etnográfico, algo que pode não acontecer caso algum privado ali queira investir.
Questionado por O MIRANTE sobre estes investimentos e a possível perda da sua posse para um privado, o presidente da junta, Avelino Correia, diz que não põe “nenhuma objecção” caso um privado ali queira investir, ficando, através do Revive, com a posse do imóvel durante 50 anos. “Pelo contrário, era bom que isso acontecesse. Era bom para a freguesia e para o concelho em termos turísticos”, defende o autarca da CDU.
Palácio junto ao Tejo já teve investidor interessado
O Palácio das Obras Novas, conhecido por Palácio da Rainha, edificado na Foz da Vala Real, em Azambuja já teve um investidor interessado na sua concessão e requalificação com o qual o anterior presidente da Câmara de Azambuja, Luís de Sousa, chegou a reunir. Mas tudo não passou da manifestação de uma intenção para converter num hotel aquele edifício de arquitectura neo-clássica, que funcionou como posto de controlo do tráfego de embarcações.
A Quinta do Cabo das Lezírias, em Vila Franca de Xira, propriedade da empresa pública Companhia das Lezírias, é outro imóvel da região a integrar a lista do Revive. Composta por antigos celeiros, estábulos, armazéns, depósito de água, silos de cereais, edifício principal e pequenas casas só será recuperada se houver interessados. Para ser concessionado, cada edifício é objecto de concurso público e requer apresentação de projectos que não podem adulterar a sua traça arquitectónica.