Uma associação em Coruche que transforma vidas e dá esperança na luta contra o cancro
Com uma rede de apoio prático e emocional, a Enconstatamim de Coruche acolhe doentes oncológicos oferecendo uma rede de solidariedade que traz conforto e dignidade em cada etapa do tratamento. Edalgisa Silva conta a O MIRANTE a história da associação que traz esperança e sorrisos a cada doente.
A Enconstatamim, em Coruche, desempenha um papel fundamental no acompanhamento de doentes oncológicos. Fundada no concelho ribatejano em 2008, a associação é um projecto de apoio aos doentes oncológicos que surgiu da experiência pessoal da sua presidente, Edalgisa Silva. Diagnosticada com cancro da mama em 1999, encontrou conforto no apoio de uma amiga que também enfrentava a doença. Ao vivenciar a solidão, percebeu a importância de criar um grupo que pudesse proporcionar apoio emocional e prático a outros doentes. A ideia evoluiu para a formação da associação, inicialmente com pequenos encontros em cafés e casas das voluntárias, até obter um espaço na Rua da Misericórdia, onde se consolidou como uma verdadeira “segunda família”. O nome “Enconstatamim” surge em homenagem à canção “Encosta-te a Mim”, de Jorge Palma.
A Enconstatamim não se restringe ao cancro de mama, abrange todos os tipos de cancro, unindo pessoas com a mesma patologia para conversarem e trocarem experiências. O compromisso é mantido pelo facto de que todos os membros da direcção passaram pela doença ou acompanharam alguém próximo nessa luta, o que torna o trabalho ainda mais significativo para as voluntárias. Com uma base de aproximadamente 4600 sócios, a Enconstatamim sobrevive por meio de quotas simbólicas de um euro ao mês e donativos. Para angariar fundos e promover a participação da comunidade, a associação organiza eventos como o Mercado de Natal, uma feira semanal de roupas doadas, entre outras. A associação participa em eventos culturais, como marchas e grupos corais, integrando-se na vida cultural de Coruche e reforçando a sua presença e importância na cidade.
Todos os recursos são usados para financiar serviços destinados aos doentes oncológicos, que incluem ajuda no pagamento de despesas como rendas de casa, luz, água e medicações. Edalgisa Silva explica que a associação também organiza o transporte para tratamentos e consultas hospitalares. Para a dirigente, a Enconstatamim é muito mais do que uma instituição, é um ponto de acolhimento e conexão para os doentes, onde encontram não só assistência prática, mas também uma rede de pessoas que já passaram pelo mesmo e que ajuda a enfrentar os desafios. A presidente da associação descreve o trabalho voluntário como “enriquecedor”, e enfatiza que o apoio que oferecem aos pacientes também fortalece os próprios voluntários, criando um ciclo de solidariedade e empatia que se renova diariamente.
Os voluntários são a espinha dorsal da Enconstatamim. Edalgisa Silva explica que são eles que organizam as doações de roupas, acompanham os doentes aos tratamentos e organizam a documentação, sempre com um pensamento positivo e uma abordagem humanizada. “Cada voluntário envolve-se não apenas pelo desejo de ajudar, mas também pela segurança de poder apoiar os pacientes com empatia e compreensão, sabendo que vai tudo correr bem”, sublinha. A relação que os pacientes mantêm com a Enconstatamim não se limita aos períodos de tratamento. A presidente descreve com emoção como muitos dos doentes mantêm laços com a associação, expressando gratidão e afecto. Esse vínculo é uma das maiores recompensas para os voluntários, que vêem os seus esforços transformados em sorrisos e gestos de carinho, vinca Edalgisa Silva.
Objectivo: ter um espaço com melhores condições
Com o aumento dos casos de cancro, a Enconstatamim enfrenta novos desafios. Edalgisa Silva aponta que um dos principais objectivos é criar um espaço para receber os doentes após a alta hospitalar. Este projecto de expansão inclui a criação de postos de trabalho e um espaço de acolhimento que permita à associação oferecer um cuidado ainda mais completo aos doentes. Actualmente, a associação espera a aprovação do município para a concessão de um espaço. “Este novo espaço iria permitir uma continuidade de cuidados que muitas vezes se interrompe após a alta hospitalar, assegurando que os pacientes recebam atenção e apoio adequados”, explica. “Temos doentes que ganham o salário mínimo e com a baixa recebem 18 euros por dia, o que dá uma média de 300 euros por mês”, lamenta.