Sociedade | 01-12-2024 21:00

Carta Social aponta caminhos demográficos e sociais do concelho de Coruche

A Carta Social Municipal de Coruche expõe desafios e propostas para enfrentar o envelhecimento demográfico, a perda de população e a necessidade de reforçar as respostas sociais no concelho.

A Carta Social Municipal, que terá ainda de ser aprovada na Assembleia Municipal de Coruche e, por esse motivo, não nos foi disponibilizada para análise, aponta progressos em áreas como o apoio à infância, embora reporte números que traçam um cenário preocupante de perda populacional. O futuro, segundo os responsáveis autárquicos, dependerá de respostas integradas que conciliem coesão social, oportunidades económicas e valorização do território.
Segundo a vice-presidente do município, Fátima Galhardo (PS), o relatório abrange “desde a infância até à terceira idade”, e destaca-se pela análise às fragilidades e potencialidades do território, em linha com os 11 municípios da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo e tendo em conta o contexto nacional. O documento reflecte os pontos fortes e aspectos a melhorar no concelho, tendo em conta as 31 entidades que fazem parte do Conselho Local de Acção Social e da Rede Social.
Entre os dados apresentados, é evidente o impacto do envelhecimento da população, fenómeno transversal ao país. Contudo, entre 2017 e 2021, Coruche registou “uma subida ténue” na evolução demográfica, sublinha a autarca. As respostas a desafios como o apoio domiciliário, a formação de profissionais e a conciliação entre vida familiar e laboral foram destacadas como prioridades. Num desses parâmetros, a formação, Fátima Galhardo diz existir “uma grande necessidade” de olhar para a profissionalização contínua para os trabalhadores que ocupam as respostas sociais, nomeadamente em lares de idosos, os designados auxiliares de serviços gerais, cuja incumbência se debruça no apoio aos mais idosos.
A Carta Social Municipal também aborda questões estruturais como habitação e formação contínua de trabalhadores em instituições de apoio social. Segundo Fátima Galhardo, a Misericórdia de Coruche deixou de oferecer serviço de centro de dia após a pandemia de Covid-19, enquanto outras instituições, dedicadas à terceira idade, em localidades como Couço, Fajarda, Lamarosa e Biscainho mantêm a resposta de apoio domiciliário.

Perda de população preocupa
Na reunião de câmara, o vereador Valter Jerónimo (CDU) alertou para a necessidade de transformar os diagnósticos em acções concretas, criticando a ausência de medidas eficazes pois “continuamos a perder população e nem somos atractivos para os estrangeiros. As medidas tomadas não estão a resultar, ao contrário de alguns dos concelhos vizinhos”. O vereador destaca as dificuldades no apoio à população idosa, alertando que os equipamentos disponíveis podem ser insuficientes nas próximas décadas.
“O documento está bom, mas algo não está bem. Perdemos população em todas as frentes, temos menos nascimentos do que os concelhos vizinhos, as pensões são mais baixas do que na região e do que a média nacional. Temos escolas, mas não temos alunos, assim como não temos empregos e, consequentemente, não temos pessoas. Estes estudos devem servir para inverter estas tendências”, alerta.
O presidente da câmara, Francisco Oliveira (PS), depois de ouvir o vereador da CDU, respondeu: “falou, falou, caracterizou o território, mas não conseguiu trazer nada de novo para contrariar o que mencionou”. O presidente sublinhou os esforços do município na criação de condições para atrair e fixar população, dizendo que “não é possível comparar realidades incomparáveis”. Para o autarca socialista, o desafio reside em “qualificar o território com infraestruturas” e promover um crescimento sustentável, focado em emprego estável e na valorização de nichos como o turismo que não é o de massas.
“É necessário organizar um modelo de gestão que aproveite oportunidades, por mais pequenas que sejam, e que contribua para consolidar o concelho como atractivo para viver e trabalhar”, concluiu o presidente do município, não sem antes referir que o município se encontra numa posição de centralidade “muito boa” caso se concretize a construção do aeroporto no vizinho concelho de Benavente.

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