Centros históricos devem conjugar memória e modernidade sem se descaracterizarem
O 19º Encontro Nacional de Municípios com Centro Histórico decorreu em Santarém. Na sessão de abertura ficou vincada a necessidade de conjugar diversas variáveis, para não tornar os centros históricos das nossas cidades em parques de diversões para turistas onde quase não há residentes.
Santarém recebeu o décimo nono Encontro Nacional de Municípios com Centro Histórico nos dias 21 e 22 de Novembro e o presidente do município, João Teixeira Leite (PSD), aproveitou a presença da secretária de Estado da Cultura, Maria de Lurdes Craveiro, para pedir a prossecução de políticas públicas que garantam fontes de financiamento às autarquias para intervenções de regeneração urbana.
O autarca enumerou investimentos que têm vindo a ser materializados no centro histórico da cidade nos últimos anos, como a requalificação da Avenida 5 de Outubro, dos Largos da Alcáçova e Ramiro Nobre, da Praça Visconde Serra do Pilar ou da Igreja de São João do Alporão, para dar nota do empenho do município em regenerar a zona antiga da cidade.
Perante uma plateia bem composta, a secretária de Estado da Cultura referiu que a preservação do património não deve colidir com a fruição dos centros históricos, que necessitam de pessoas para terem vida. Maria de Lurdes Craveiro considerou que “o ímpeto de patrimonialização e preservação” levanta questões e desafios complexos, acrescentando que a rigidez imposta na conservação de determinado lugar pode contrariar a necessidade da sua evolução e transformação.
A governante vincou que a importância dos monumentos e sítios vai para além da requalificação e preservação do património, sublinhando a importância de haver equilíbrio entre memória e modernidade, para que os centros históricos não sejam apenas o retrato de um passado que já não existe. Maria de Lurdes Craveiro quer ver os centros históricos como lugares de encontro sem perderem a sua identidade e defende a necessidade de se prosseguir com incentivos à habitação nessas zonas, apoio aos negócios locais e a realização de actividades que envolvam as pessoas.
Antes, o presidente da Associação Nacional de Municípios com Centro Histórico, Hugo Pereira, já havia lamentado que as tentativas de regular o mercado habitacional nessas zonas não tenha funcionado, o que, devido aos elevados preços praticados, afasta a fixação de novos residentes. Daí a aposta que vários municípios estão a fazer na construção de habitação a custos controlados, para famílias da chamada classe média. O autarca de Lagos diz que os centros históricos precisam de equilíbrio entre diversas funções, como a habitação, o turismo, o comércio ou o património, referindo que “a monocultura nunca foi solução”.
A sessão de abertura, na manhã de quinta-feira, 21 de Novembro, contou com intervenções do presidente da Câmara de Santarém, João Teixeira Leite, do presidente da associação, Hugo Pereira, de David Rodriguez, alcaide na região espanhola de Castilla y Leon, e da secretária de Estado da Cultura, Maria de Lurdes Craveiro. O mote do encontro foi “Pensar global, agir local”. Ao longo dos dois dias diversos especialistas vão abordar temas relacionados com a problemática dos centros históricos.