Almeirim arranca para o final da circular urbana que é um caso raro no país
Câmara de Almeirim já tem um acordo para a compra dos terrenos para concluir os dois quilómetros que faltam da circular urbana e, ao fim de duas décadas, retirar a circulação de pesados por dentro da cidade.
O município fez o primeiro troço em 2008 e já só faltam dois quilómetros para fazer a ligação à Nacional 118, numa estratégia única nos municípios atravessados por essa via e totalmente custeado pelo orçamento municipal.
Com o recente acordo com a Compal para a compra do terreno que falta para concluir a circular urbana, Almeirim vai duas décadas depois de iniciar o primeiro troço, junto à Quinta da Alorna, ter uma variante externa que permitirá acabar com o trânsito de pesados no centro da cidade. O município vai pagar cerca de 100 mil euros por um lote que atravessa a zona de painéis solares da empresa, mais uma faixa ao longo da Estrada Municipal 583, que faz a divisão com o concelho de Alpiarça, e que será aproveitada para o último troço. Ao todo faltam dois quilómetros divididos em dois troços que se prevê estarem feitos daqui por quatro anos.
A circular começou a ser feita em 2008 pelo anterior presidente da autarquia, José Sousa Gomes, já falecido, que mesmo sem ter apoios comunitários avançou com uma estratégia que teve o maior impulso com o actual presidente, Pedro Ribeiro. A circular tem sido feita por troços custeados unicamente pela câmara, que no final vai somar um investimento de mais de 10 milhões de euros. Baptizada como o nome de Sousa Gomes, a circular é um caso único nos municípios da região atravessados pela Estrada Nacional 118, por onde passam por semana milhares de camiões, que não ficou à espera do anunciado Itinerário Complementar 3 (IC3) por fazer há quase três décadas.
A autarquia já tem o projecto dos últimos dois troços e também já tem um acordo com a Infraestruturas de Portugal para a construção de uma rotunda de ligação na Nacional 118 na zona dos paus tratados, como é conhecida a zona devido à localização de uma empresa de postes e madeiras. Esta fase final da intervenção deverá custar cerca de três milhões de euros. Pedro Ribeiro realça que a circular quando estiver completa “vai melhorar a segurança” devido ao desvio do trânsito de pesados e à capacidade de distribuir o trânsito de outros concelhos e de outras freguesias que deixam de precisar de passar pelo centro da cidade.
O autarca defende ainda que este projeto promove a mobilidade sustentável, através da construção de ciclovias que incentivam as pessoas a “andar a pé e a fazer exercício”. Pedro Ribeiro realça que esta obra é “um caso raro no país”, uma vez que a circular urbana está a ser suportada e financiada pelo município e porque foi iniciada numa altura em que a sensibilização para as questões da mobilidade sustentável era ainda reduzida.
“Hoje em dia estas questões da mobilidade tem uma importância diferente e as pessoas estão muito mais sensíveis para elas. Há 20 anos não estavam. Não tenho dúvidas nenhumas que se não houvesse circular urbana e nós falássemos na circular urbana, toda a gente concordaria. Há 20 anos não foi assim e a grande capacidade está em conseguir pensar à frente do tempo”, conclui Pedro Ribeiro.