Sociedade | 03-12-2024 12:00

Violência doméstica regista 18 homicídios em 2024

A violência doméstica é um dos crimes com maior número de registos nos concelhos de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja e Vila Franca de Xira nos dois últimos anos. Associação de Apoio à Vítima alerta que há mais homicídios e pedidos de ajuda por violência doméstica na época natalícia.

A violência doméstica, crime que inclui maus-tratos físicos e psicológicos, ameaças e perseguição, está no topo dos crimes mais praticados nos concelhos de Alenquer, Arruda dos Vinhos, Azambuja e Vila Franca de Xira em 2023 e até 31 de Outubro de 2024. Além da violência doméstica, que não escolhe género, faixa etária ou estrato social, os outros crimes mais registados são a condução sem habilitação legal, ameaça e coacção, e ofensas à integridade física voluntária simples.
Os dados são avançados a O MIRANTE pela Guarda Nacional Republicana (GNR) que detalha que apesar de o ano ainda não ter terminado, o número de crimes registado sofreu uma diminuição nos quatro concelhos em análise. O concelho de Alenquer é onde esse decréscimo é mais significativo, com menos 281 crimes registados (1.190) até 31 de Outubro de 2024 quando comparado com o ano anterior (1.390). É, no entanto, na área de actuação da Guarda, o concelho onde a criminalidade é mais elevada.
Também em Vila Franca de Xira há, para já, menos crimes registados, com 951 em 2024 e 1.191 em 2023. Em Azambuja e Arruda dos Vinhos foram registados no ano passado, respectivamente, 912 e 394 crimes. Em 2024 os números vão em 760 e 316.
Relativamente ao número de pessoas detidas, Vila Franca de Xira é o concelho onde a GNR efectuou mais detenções, com um total de 341 em 2023 e 268 em 2024. Segue-se Alenquer com 311 detidos e no ano anterior e 256 neste ano. Azambuja conta com maior número de detidos este ano (172) do que no transacto (140). Em Arruda dos Vinhos, onde o número de crimes é o mais baixo dos quatro concelhos, foram detidas 55 pessoas em 2023 e 31 no decorrer deste ano.

Homicídios por violência doméstica aumentam no Natal
A APAV alerta que as situações de homicídio e pedidos de ajuda por violência doméstica aumentam nos períodos do Natal e Passagem de Ano, por causa da pressão das festas natalícias. Daniel Cotrim, explicou à Lusa que nesta época do ano “há uma pressão muito grande para que as pessoas estejam próximas. O grau de proximidade aumenta, a pressão também aumenta e estes crimes ocorrem”.
Segundo o psicólogo, o que acontece é que começa por haver uma vontade por parte da pessoa agressora de manifestar a ideia de que “são uma família sem problemas” ou que pretende aproveitar a época natalícia para “refazer a relação”. O que, sublinhou, “na grande maioria das vezes não é possível, nem é vontade das vítimas, porque estão fora destas relações há algum tempo e nalgumas situações a situação [de crime] acontece, é violenta e tem o desfecho de homicídio”.
Os dados mais recentes da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG), relativos a 2024, indicam que entre Janeiro e Setembro ocorreram 18 homicídios (15 mulheres e três homens) em contexto de violência doméstica. Um dos casos ocorreu em Julho, no Pego, concelho de Abrantes, onde uma mulher de 34 anos acabou por morrer no hospital depois de ter sido baleada pelo companheiro.

Crime de violência doméstica aumenta no país

A Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou no primeiro semestre deste ano cerca de 15 mil crimes de violência doméstica, um aumento de 2% em relação ao período homólogo de 2023. Estes 15 mil casos registados entre Janeiro e Julho de 2024 representam “78% dos processos apoiados na APAV” neste período, ou seja, é a “grande maioria dos processos da APAV”, salientou o responsável pelo sector da violência doméstica e violência de género na APAV, Daniel Cotrim, que falava à Lusa no âmbito do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra as Mulheres, que se assinala a 25 de Novembro.

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