Autarca de Benavente e ministra do Ambiente trocam mimos à conta dos jacintos-de-água no rio Sorraia
Dos folhetos com a cara da ministra à troca do nome do rio Sorraia, Maria da Graça Carvalho e Carlos Coutinho têm um ano pela frente para resolver problema ambiental causado pela planta invasora no rio Sorraia.
O presidente da distrital do PSD de Santarém e deputado, Ricardo Oliveira, manifestou, durante uma audição com a ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, satisfação pelo acordo alcançado entre Portugal e Espanha para a gestão do rio Tejo. Contudo, alertou para os “problemas antigos e graves” que persistem nas bacias hidrográficas dos rios Nabão e Sorraia.
Ricardo Oliveira criticou a falta de acção em relação aos focos de poluição identificados no rio Nabão, nomeadamente problemas resultantes de efluentes industriais e da ausência de modernização nas estações de tratamento de águas residuais. Em 2021, o anterior governo anunciou, em Tomar, 22 milhões de euros para resolver parte destes problemas, mas, segundo o deputado, “nada foi feito”.
Já o rio Sorraia continua a enfrentar a proliferação de jacintos-de-água, uma planta invasora que ameaça a fauna e flora entre Coruche e Benavente. Ricardo Oliveira acusou o anterior governo de “inacção”, limitando-se a “acções de limpeza pontuais para inglês ver”.
A ministra Maria da Graça Carvalho recordou que, em 2024, o Fundo Ambiental financiou a aquisição de uma ceifeira, no valor de 700 mil euros, para remoção de jacintos-de-água, equipamento adquirido pela Câmara de Águeda com a condição de ser utilizado em várias regiões do país.
A governante instou os autarcas a submeterem propostas concretas para intervenções no Sorraia, apontando que, no caso de Benavente, o presidente da câmara optou por “fazer folhetos com a minha cara a dizer que eu não ligo ao rio Sorraia em vez de submeter uma proposta ou dizer-nos o que é que precisa fazer” em relação ao curso de água. “Perdia menos tempo e resolvia o assunto”, atirou.
Autarca de Benavente critica ministra do Ambiente
O presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho, reagiu às declarações da ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho, sobre a gestão do rio Sorraia, acusando-a de desconhecer a realidade local e de não respeitar os esforços do município. “Quando andava na primeira classe, aprendíamos o nome dos rios, e quando alguém fala de uma matéria tão importante sem saber o nome do rio, está tudo dito”, afirmou Carlos Coutinho em declarações a O MIRANTE. Na sua intervenção, a ministra do Ambiente equivocou-se no nome do rio Sorraia, repetindo, em várias ocasiões, Rio Soraia, um detalhe que o autarca fez questão de salientar.
O edil vai solicitar uma reunião com a ministra para esclarecer o trabalho já desenvolvido na tentativa de resolver o problema da proliferação dos jacintos-de-água. Segundo Coutinho, a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), sob tutela da ministra, comprometeu-se a avançar com um projecto de regularização do rio, incluindo intervenções nas galerias ripícolas e a constituição de equipas de monitorização.
“Na altura foi identificado fazer-se um investimento de 300 mil euros para este projecto, que seria a base para uma obra de grande dimensão. A comissão, criada à data, englobou também professores universitários, chegou à conclusão de que seria essa a melhor forma de tratar o problema. A responsabilidade ficou com a APA, mas, até ao momento, nada foi feito”, garante, acrescentando que “a senhora ministra devia saber que a responsabilidade está efectivamente do seu lado”.
“A APA não pode desresponsabilizar-se e, de alguma forma, responsabilizar o presidente da câmara de Benavente, que sempre defendeu os interesses do município e das suas gentes com respeito pelos governantes. Parece-me que da parte da senhora ministra isso não aconteceu para com o presidente da câmara”, afirmou Carlos Coutinho.
O presidente da câmara reiterou a disponibilidade do município para colaborar na resolução dos problemas do rio Sorraia, mas deixou claro que a tutela deve assumir as suas responsabilidades. “O rio tem mais de 50 quilómetros, e nós estamos cá para ser parte da solução”, concluiu.