Sociedade | 07-12-2024 07:00

Atleta de Coruche fracturou o pulso e teve de esperar 90 minutos por ambulância

Atleta de Coruche fracturou o pulso e teve de esperar 90 minutos por ambulância
Andreis Ramos lesionou-se no fim do treino mas socorro chegou hora e meia depois da chamada para o 112. fotoDR

Andreis Ramos fracturou o pulso no final do treino do clube onde pratica futebol em Coruche. Necessitou de transporte em ambulância, mas os meios dos bombeiros estavam empenhados noutras emergências.

Um atleta do escalão de iniciados do Grupo Desportivo O Coruchense sofreu uma fractura no pulso, na sexta-feira, 29 de Novembro, no final de um treino no Estádio Municipal Professor José Peseiro, em Coruche. A assistência médica demorou cerca de 90 minutos, sendo necessária a mobilização de uma ambulância dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, já que as duas ambulâncias dos Bombeiros Municipais de Coruche estavam ocupadas noutras emergências e não estavam disponíveis no quartel, situado a pouco mais de um quilómetro da ocorrência.
De acordo com António Rosa, presidente do clube, o incidente aconteceu já no final do treino. “Os miúdos estavam a apanhar as bolas espalhadas pelo campo, como é habitual. Três ou quatro deles brincavam quando um empurrou outro sem querer e sem maldade. O jovem caiu e colocou mal a mão no chão, acabando por fracturar o pulso”, explica a O MIRANTE. O dirigente lamentou o tempo de espera pela ambulância. “Entre ligar para o 112 e a assistência foram 90 minutos. Neste caso foi uma criança, mas todos sabemos que os atrasos têm custado vidas aos idosos neste país por causa dos atrasos das ambulâncias. Chamámos pelos bombeiros, mas as ambulâncias de Coruche estavam ocupadas. Ligámos para tudo quanto era sítio, até que uma ambulância de Salvaterra de Magos, que já vinha de Lisboa, chegou para socorrer o miúdo”, critica António Rosa.
Paulo Dionísio, comandante dos Bombeiros Voluntários de Salvaterra de Magos, confirmou que a situação reflecte um problema estrutural. “Fazemos serviços em Coruche, mas também noutras localidades com regularidade porque os meios nem sempre conseguem dar resposta. Neste caso, tínhamos uma ambulância que, por acaso, estava a regressar de Lisboa. Foi directamente para o estádio, ainda assim entre recebermos a chamada e chegar ao estádio não era possível fazê-lo em menos de 30 minutos”, garante. O comandante lembra depois que Portugal sofre de “um mal geral”, dando exemplos das “muitas horas” que os hospitais “retêm as ambulâncias”, seja por falta de macas, seja porque as unidades de saúde estão lotadas e obrigam os bombeiros a deslocar-se a outros hospitais.
Paulo Dionísio adianta ao nosso jornal que, na última sexta-feira, a corporação de Salvaterra, que dispõe de seis ambulâncias de socorro, realizou 21 emergências médicas, dois acidentes de viação e um incêndio, destacando a elevada procura pelos serviços dos bombeiros. “O nosso corpo de bombeiros está muito bem e conseguimos ajudar os outros, mas também já houve tempos em que fomos ajudados”, conclui.
Por sua vez, Nuno Coroado, comandante dos Bombeiros Municipais de Coruche, minimizou a gravidade da situação, sublinhando que “o sistema de emergência médica funcionou”. Segundo o responsável, as duas ambulâncias de Coruche estavam empenhadas em outras emergências médicas, incluindo o transporte de uma criança do Couço para o Hospital Dona Estefânia, em Lisboa. O caso do jovem no estádio “não era uma situação de emergência médica prioritária no INEM, porque a criança nunca esteve em risco de vida. Era um traumatismo no punho com possível fractura, o que tem prioridade de transporte, mas não de emergência”, explicou ao nosso jornal.
Nuno Coroado destacou ainda que estas situações são do quotidiano em zonas urbanas e, em Coruche, “nota-se mais um bocadinho” devido à sua localização e acessibilidades. “Costumo dizer que Coruche tem uma quase insularidade como costumo dizer”, acrescenta, revelando que só durante este ano foram registadas “342 recusas de saída ao INEM” pelos bombeiros municipais.
O jovem Andreis Ramos foi transportado ao Hospital de Santa Maria, em Lisboa, mas já regressou a casa. Será reavaliado dentro de 15 dias para determinar a necessidade de intervenção cirúrgica.

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