O desconforto e a ansiedade no julgamento do despedimento de António Campos da Nersant
José Eduardo Carvalho foi o último ex-dirigente da Associação Empresarial da Região de Santarém – Nersant, a ser ouvido no julgamento do processo interposto pelo anterior presidente da comissão executiva.
José Eduardo Carvalho foi o último ex-dirigente da Associação Empresarial da Região de Santarém – Nersant, a ser ouvido no julgamento do processo interposto pelo anterior presidente da comissão executiva, António Campos, que se despediu por justa causa, tendo mostrado algum desconforto por estar na posição de testemunha. O presidente do organismo entre 1998 e 2010 disse que tinha boas relações com António Campos e com Domingos Chambel, que era o presidente aquando das divergências. José Eduardo Carvalho limitou-se a falar sobre a organização interna da associação e evitou comentar o conflito entre as duas partes.
A filha e o filho de António Campos também depuseram em tribunal para dizerem que o pai andava nervoso na altura em que Chambel era presidente, que não dormia de noite e que teve de ter acompanhamento médico. Falaram também que um dos motivos de ansiedade do pai era o facto de o então presidente da direcção não responder aos e-mails de António Campos.
A secretária de António Campos, e que acumulou também na gestão de Domingos Chambel o secretariado da direcção, considerou em tribunal que o ex-presidente da comissão executiva não se revia no caminho que a direcção estava a traçar.
António Rodrigues, antigo presidente da Câmara de Torres Novas e que foi vice-presidente de Chambel, disse que nunca o tinha ouvido a pôr em causa a dignidade e competência de António Campos. Referiu ainda que chegou a propor um processo disciplinar ao presidente da comissão executiva, por este não ter tratado da rescisão do contrato com a empresa associada Terra Branca, mas que o presidente da direcção não quis seguir esse caminho.
Nersant não paga há dois anos a empresa associada que lhe faz a contabilidade
A Turrisconta, do antigo presidente da Câmara de Torres Novas, António Rodrigues, um dos fundadores Nersant, da qual também foi vice-presidente, reclama uma dívida de dezenas de milhares de euros à associação empresarial. Há dois anos que a empresa de contabilidade não recebe um cêntimo pelo serviço, situação que nunca aconteceu até agora.
A situação em que se encontra a Associação Empresarial de Santarém – Nersant tem vindo a piorar e está a braços com mais uma acção judicial por dívidas, desta vez a um dos fundadores, António Rodrigues, antigo presidente da Câmara de Torres Novas. A associação deve-lhe dois anos de serviços de contabilidade, segundo o próprio revelou enquanto testemunha no julgamento da acção interposta pelo ex-presidente da comissão executiva, António Campos, que se despediu por justa causa e pede uma indemnização de cerca de 200 mil euros.
António Rodrigues, que através da sua empresa Turrisconta – Contabilidade e Gestão faz a contabilidade da associação empresarial desde o início da sua constituição, vai agora deixar de o fazer. O empresário e autarca, actualmente vereador do Movimento P’la Nossa Terra, na oposição, foi inclusivamente vice-presidente da Nersant no mandato de Domingos Chambel, que agora é presidente da assembleia-geral. O MIRANTE confirmou que a acção judicial para exigir o pagamento já entrou em tribunal e estão em causa dezenas de milhares de euros.
Com mais esta acção a associação, actualmente presidida pelo solicitador António Pedroso Leal, tem o seu funcionamento em risco. Já que com as dificuldades em que está e se tiver de pagar uma indemnização avultada a António Campos, mais a dívida a António Rodrigues e os cerca de 40 mil euros que faltam pagar à Terra Branca, empresa associada e membro dos órgãos sociais, há quem aposte que a instituição pode ficar à beira de fechar. Aliás, António Rodrigues desabafou no julgamento, em que falou enquanto testemunha arrolada por Domingos Chambel, que a Nersant tem um futuro que não se pode dizer que seja risonho.
A avaliar por algumas situações descritas em tribunal, algumas medidas tomadas por Domingos Chambel, que não se recandidatando a um segundo mandato terminou as funções Ano Verão de 2023, foram duvidosas em termos de contenção de custos. Como aconteceu por exemplo com a revista da associação que tinha 250 exemplares e que tinha um custo que o então presidente da associação achava caro. Entregou então a produção da revista à empresa Garrido Artes Gráficas, que fazia mais barato, mas mandou aumentar o número de exemplares para 1500 e também passou a pagar a sua expedição pelo correio para os associados.
A Nersant começou a atravessar a pior crise de sempre com a entrada de Domingos Chambel para a presidência, tendo faltado o dinheiro para pagar os subsídios de Natal aos funcionários, tendo sido o ex-presidente a emprestar o dinheiro à associação. Domingos Chambel foi eleito presidente da Nersant em Junho de 2020, numa lista única candidata aos órgãos sociais, mas a sua liderança já vinha sendo preparada há muitos anos, uma vez que foi vice-presidente dos seus antecessores e sabia bem o funcionamento da organização.