Sociedade | 10-12-2024 18:00

Aprender sobre a importância das plantas na alimentação durante um passeio na Póvoa

Aprender sobre a importância das plantas na alimentação durante um passeio na Póvoa
Quinta Municipal da Piedade é rica em plantas comestíveis que têm vários usos

Na Quinta Municipal da Piedade os passeios de identificação de plantas comestíveis revelam um património vegetal muitas vezes ignorado.

Sob a orientação do projecto Hortas Ecológicas, os participantes aprendem a reconhecer, valorizar e utilizar plantas, recuperando saberes antigos que aliam tradição e sustentabilidade.

Umbigo de Vénus, urtiga, acelgas selvagens, amor de hortelão, funcho e verbasco são algumas das plantas comestíveis que estão dentro dos portões da Quinta Municipal da Piedade, na Póvoa de Santa Iria, mas que passam despercebidas aos olhares diários e a quem não tem conhecimento dos seus usos. Desde tempos ancestrais que as plantas são usadas para tratar maleitas, para beleza, para receitas de culinária e para fazer chás e infusões. O interesse em recuperar os saberes antigos tem vindo a crescer e, no dia 24 de Novembro, o projecto Hortas Ecológicas dinamizou um passeio de identificação das espécies em que os participantes aprenderam a reconhecer as plantas comestíveis e descobriram os sabores e os seus benefícios nutricionais.
O projecto Hortas Ecológicas foi fundado pelo casal Filomena Aivado, licenciada em História e apaixonada pela Natureza, e João Santos, técnico agrícola e formador em Horticultura Biológica. O projecto trabalha com crianças, desde 2015, no âmbito da Agro-ecologia e agricultura biológica, e dá formação a adultos. Natural do concelho de Abrantes, Filomena recorda-se dos passeios que dava com a avó pelo campo, em que recolhia plantas selvagens. “A minha avó colhia plantas que depois secava e tinha plantas para qualquer maleita, desde problemas de retenção de líquidos a dores de barriga. Aprendi a conhecer as plantas com ela e mais tarde fazia caminhadas com grupos e as pessoas desafiaram-me para organizar passeios de identificação”, conta a O MIRANTE.

Plantas são pouco usadas na alimentação
Na Póvoa de Santa Iria realizaram-se dois passeios de identificação em Novembro. Para além da Quinta Municipal da Piedade os participantes identificaram espécies na zona ribeirinha da cidade, onde existem plantas halófitas na zona do estuário do Tejo e que resistem ao sal das marés e o incorporam na sua composição. Durante os passeios, Filomena chama a atenção para as plantas tóxicas, que podem ser facilmente confundidas e para as plantas autóctones. Para não quebrar o equilíbrio natural a recolha de espécies só deve ser feita em caso de abundância de plantas para não estragar a paisagem. O conceito de ervas daninhas também é desmistificado com a premissa que desempenham o seu papel no ecossistema.
As plantas comestíveis são um recurso mas actualmente o ser humano usa muito poucas plantas na alimentação. João Santos explica que para incorporar as plantas no dia-a-dia não é preciso ser vegan ou vegetariano. Em tempos de emergência ecológica, com desafios enormes, a agricultura tem um papel fundamental no sequestro do carbono. “Se nos nossos solos incorporarmos matéria orgânica, proveniente das ervas daninhas ou silvestres, por cada 1% de matéria orgânica estamos a sequestrar 30 toneladas de carbono por hectare de solo”, alerta.

Participantes defendem vida mais natural
Uma das participantes no passeio foi Paula Madeira, da Póvoa de Santa Iria. A trabalhar na área comercial, formou-se em fitoterapia. Desde sempre se interessou pelo uso medicinal das plantas e acredita que uma mesma espécie tem usos diferentes mediante a hora em que é recolhida. “Faço tinturas para mim e para os familiares mais próximos mas vou às ervanárias e compro. Jogo pela segurança porque entrar para o mundo natural e fazer colheita exige estudo”, relata. Olinda Marques, de Alverca do Ribatejo, assume ser apaixonada por plantas e flores e tirou o curso de naturopatia e fitoterapia. A esteticista ambiciona largar a profissão e criar tinturas ou vender plantas a retalho.
Natural de Viseu, mas a viver em Lisboa, Manuela Bentes sempre se dedicou à jardinagem. Recentemente, a contabilista começou a fazer uso das plantas e tirou formação nas Hortas Ecológicas para aprender a tratar de um terreno que herdou. “Costumo dizer que se não fizesse mais nada na vida era uma ambientalista pura. Sempre poupei água e era sempre a que tinha o jardim mais bonito da rua”, diz.

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