Sociedade | 10-12-2024 15:00

Moradores da aldeia avieira do Escaroupim sentem-se ignorados e exigem melhores condições

Moradores da aldeia avieira do Escaroupim sentem-se ignorados e exigem melhores condições
Na aldeia do Escaroupim, no concelho de Salvaterra de Magos, a falta de manutenção dos arruamentos tem gerado descontentamento entre a população

Os moradores da aldeia avieira do Escaroupim, no concelho de Salvaterra de Magos, têm-se queixado de vários problemas relacionados com a limpeza, sobretudo nos últimos tempos. O MIRANTE esteve no local para conversar com alguns residentes e no dia seguinte à reportagem começaram as limpezas.

Os moradores da aldeia avieira do Escaroupim, um dos mais aclamados pontos turísticos do concelho de Salvaterra de Magos, têm mostrado descontentamento com a falta de limpeza na aldeia, desde ervas nos passeios a folhas que não são varridas, junto à capela, ao cais e no parque de merendas. O MIRANTE fez uma visita à aldeia e conversou com alguns moradores que nasceram no Escaroupim ou se mudaram em busca de melhor qualidade de vida. No dia seguinte à reportagem, confirmou o nosso jornal, iniciaram-se as limpezas na aldeia.
Júlio Letra, 84 anos, passa os seus dias sentado no banco a olhar para o rio. Carlos Simãozinho, 80 anos, sentado no banco ao lado, lamenta que as ruas da histórica aldeia estejam “esquecidas” pelos responsáveis pela gestão da autarquia. Manuel Rodrigues, 64 anos, que fez dois mandatos na assembleia municipal, não poupou nas palavras e diz que é “imperdoável a câmara esquecer-se” das pessoas que ali vivem.
Os moradores também se debatem há décadas com a necessidade de alcatroamento na estrada que liga a Nacional 118, em Marinhais, ao Escaroupim, optando por fazer as suas compras em Salvaterra de Magos devido ao desgaste dos carros, mais quatro quilómetros para cada lado, explicou Paulo Silveira, morador da Rua Alves Redol, que se mudou do Alentejo para o Escaroupim há cerca de 20 anos. Há o cuidado de manter a estrada nivelada, mas em tempos de chuva voltam os buracos, explica. Paulo Silveira acrescenta que seria importante uma ligação de autocarro ao Escaroupim, além do transporte escolar, e que já viu pessoas irem a pé apanhar o autocarro a Marinhais. Quem não tem transporte costuma ir à boleia com vizinhos ou chamar um táxi, uma vez que só passa de porta em porta uma vendedora de fruta e um vendedor de charcutaria.
Questionado sobre como é viver no Escaroupim, Manuel Rodrigues fala do “ar que se respira” e do “sossego”, embora tenha revelado que “o Escaroupim é mal frequentado à noite”. Manuel Rodrigues aponta que seria interessante um percurso pedonal do Escaroupim ao Bico da Goiva, passando pela Praia Doce.
Também foi a procura por maior qualidade de vida que levou Filipe Pereira, 37 anos, a ir viver para o Escaroupim há um ano e meio. Natural da Póvoa de Santa Iria, concelho de Vila Franca de Xira, demonstra as mesmas preocupações e juntou a necessidade de reforço das lombas na Avenida João Belo, perpendicular à Rua Alves Redol, onde o vizinho se queixa do mesmo problema, o excesso de velocidade por quem ali passa.

Presidente da câmara explica problemas
O presidente da autarquia, Hélder Esménio, admite que os moradores possam ter razão, mas que “nesta época do ano é normal que caiam as folhas das árvores”. “Em conjunto com a junta de freguesia procuramos manter o recinto limpo ainda que quando há mais fenómenos de vento, e estamos no Outono, seja mais difícil, pelo menos até que caiam todas as folhas das árvores. Temos algum cuidado em relação ao Escaroupim porque é um dos pontos de visita turística”, justifica. Relativamente às ervas nos passeios, afirma que “tem havido o cuidado de não usar herbicidas porque estamos perto da linha de água” e “o sol em certos momentos e depois a chuva potenciam o crescimento de ervas. É uma luta constante”, sublinha.
No que toca ao alcatroamento da estrada que liga Marinhais ao Escaroupim, vinca que “nunca foi uma promessa deste executivo e não está no plano de actividades” porque “as prioridades são os arruamentos onde há população a residir”. Quanto aos transportes reforça que existe a possibilidade de os habitantes recorrerem ao USO - Transportes a pedido da Lezíria do Tejo.

Uma aldeia que atrai milhares de turistas

Ao longo do ano, sobretudo na época de Verão, são milhares as pessoas que visitam a aldeia do Escaroupim. Segundo o site do município, o Escaroupim é uma típica aldeia piscatória, formada em meados dos anos 30 por pescadores oriundos da Praia da Vieira (Marinha Grande), que sazonalmente vinham ao Tejo fazer as campanhas de pesca de Inverno, sobretudo o sável, procurando no Tejo o sustento das suas numerosas famílias. Muitos desses pescadores foram ficando pelas margens do rio, deixando de ir à sua Praia da Vieira, e assim formaram pequenas povoações piscatórias. Na aldeia avieira do Escaroupim pode visitar-se o Museu Escaroupim e o rio e o Núcleo Museológico da Casa Típica Avieira, assim como desfrutar de passeios de barco, observar aves, entre outras actividades.

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