Jorge Zacarias prepara-se para criar vazio directivo na Sociedade Euterpe Alhandrense
Jorge Zacarias, o histórico dirigente da Euterpe Alhandrense, anunciou na sessão solene dos 162 anos da SEA que não se vai recandidatar ao cargo e, até ao fecho desta edição, não se apresentaram listas concorrentes aos novos órgãos sociais da colectividade. A relação com a Câmara de Vila Franca de Xira também já conheceu melhores dias.
A Sociedade Euterpe Alhandrense (SEA), a colectividade mais antiga do concelho de Vila Franca de Xira, está a celebrar 162 anos com nuvens negras no horizonte: o actual presidente vai sair de cena e ainda não apareceram listas nem pessoas interessadas em formar novos corpos sociais.
Na sessão solene dos 162 anos da colectividade o presidente da direcção, Jorge Zacarias, não poupou nas críticas à Câmara de Vila Franca de Xira e lamentou aguardar desde 2022 que o município responda a um pedido de reunião. “A nossa relação com a câmara é hoje exclusivamente de prestação de serviços. A banda faz concertos e recebe por isso, o grupo coral a mesma coisa e assim sucessivamente. A isso chamam Programa de Apoio ao Movimento Associativo. Mas temos um valor 25% mais baixo que outros contratos-programa existentes no concelho, sendo que o nosso tem em média 3 vezes mais obrigações do que o dos outros”, lamentou Jorge Zacarias. O dirigente afirmou não querer acreditar que isso aconteça por Alhandra ter pouco peso nas eleições autárquicas. “Mas se o desiderato foi desgastar o presidente da Euterpe, então parabéns, foi conseguido”, criticou.
O dirigente lamentou que o presidente do município, Fernando Paulo Ferreira (PS), não tivesse estado presente na sessão solene. “O senhor presidente mais uma vez honrou-nos com a sua ausência. Gostaríamos que o presidente estivesse presente e que fosse importante para ele, como é para nós, a sua presença, ouvir a nossa reflexão e partilhar connosco como perspectivar o futuro da Euterpe”, criticou.
Para Jorge Zacarias o facto de não ter ainda aparecido nenhuma lista “não é dramático” mas lembra que é preciso surgir gente que queira manter as contas em dia numa colectividade que tem um orçamento anual de 1 milhão e 800 mil euros e impacta as vidas de 3.300 famílias, tendo no Conservatório Regional Silva Marques 470 alunos e mais de 300 atletas na vertente desportiva, incluindo outras 85 pessoas na banda, coro e grupo de teatro. No projecto da escola a tempo inteiro na SEA estão 350 pessoas, incluindo outras 800 em actividades de enriquecimento curricular. Tem 176 trabalhadores.
“Precisamos de uma direcção que, quando pediu em 2022 uma verba de 5 mil euros para adaptar uma sala da CURPIFA não obtenha como resposta um não ou que, em 2024, quando por infelicidade de um acidente perdemos uma carrinha e precisámos de pedir uma verba extraordinária, nos respondam que já tínhamos comprado um autocarro”, critica Jorge Zacarias, que agradeceu às Juntas de Freguesia de Alhandra e de Castanheira do Ribatejo por terem cedido viaturas à Euterpe. “Nos últimos três anos não tivemos nenhum subsídio extraordinário que não fosse da junta de freguesia da vila. Que justiça seja feita ao actual presidente, pois esteve sempre ao nosso lado com os parcos meios disponíveis e ajudou quando pôde”, destacou.
Segundo Jorge Zacarias, também o futuro do Teatro Salvador Marques é motivo de preocupação. “Diz-se estar a ser preparado mas não para vir a ser para a Euterpe, fala-se nas instalações da Náutica, das comemorações dos 50 anos do grupo de teatro Esteiros e no pedido que fizemos para usar os antigos lavadouros que estão devolutos, mas pedido esse que a câmara nos respondeu para sermos nós a fazer as obras”, criticou.
O dirigente lamentou também que a três meses do Carnaval ainda não tenha recebido resposta da câmara ao pedido de apoio. “O que se sabe é o diz que disse, mas não queremos acreditar que uma câmara que gasta largas centenas de milhares de euros em três dias de espectáculo, numa altura em que os grandes festivais se questionam, não vai olhar para as mais de 200 pessoas que fazem o Carnaval de Alhandra com a atenção que as pessoas que estão na comissão merecem e quem se organiza em dezenas de grupos o deve exigir”, criticou.
Sócios distinguidos em dia de festa
Como manda a tradição, a banda da Euterpe percorreu as ruas da vila na manhã de 1 de Dezembro e foi prestada homenagem aos músicos e dirigentes já falecidos. Na sessão solene, que contou com a presença de três centenas de pessoas, esteve a representar o município a vereadora Manuela Ralha e foram agraciados os sócios com 25 e 50 anos de associado, a saber: Vera Reis e Lucinda Dias (25 anos de sócio) e, com a medalha de 50 anos, foram distinguidos Carlos Silva, Luís Silva, Aníbal Lima, Paulo Almeida, Etelvina Cardoso, José Sousa, Carlos Machado, António Ferreira, João Duarte, Carlos Fernandes, Álvaro Marques, Deodato Toste, João Oliveira, Teresa Fonseca, João Padinha, António Coelho, João Boloca, Joaquim Morais, Fernando Messias, Victor Soares, Manuel Ferreira, Luísa Antunes, Pedro Bispo, José Peniche, Henrique Ribeiro, Joaquim Martinho, José Nolasco, José Nogueira, João Oliveira, Carlos Lourenço, Jorge Zacarias, Fernando Caio, Fernando Teixeira, Manuel Pereira, António Tavares e José Rodrigues.