Falta de estacionamento prejudica comerciantes em Torres Novas
O restaurante Tasca do Chico tem sido um dos estabelecimentos prejudicados pela falta de estacionamento no Largo das Forças Armadas, onde os lugares são praticamente todos ocupados, durante a semana, por alunos da Escola de Polícia. A gerente, Carina Pereira, é o rosto do desalento de um problema que está a matar o comércio e que não se resolve.
Há muito que a sala do restaurante Tasca do Chico não enche durante a semana à hora de almoço. A gerente do espaço, Carina Pereira, teme o pior depois de “um Novembro muito difícil”. Um mês em que, à semelhança de outros, tem perdido cerca de duas dezenas de clientes por dia devido à falta de estacionamento no Largo das Forças Armadas, em Torres Novas. “Vinte pessoas por dia fazem muita diferença. Os nossos clientes são pessoas que trabalham e precisam de comer a uma determinada hora mas não têm onde estacionar. Se têm de ir longe já não vêm”, desabafa a comerciante a O MIRANTE.
Carina Silva não tem dúvidas de que o problema do estacionamento se deve ao facto de os alunos da Escola Prática de Polícia (EPP), que fica junto ao restaurante que é gerido pela sua família há mais de 20 anos, ocuparem praticamente todos os lugares, ininterruptamente, durante a semana. “Só trabalhamos bem à hora de almoço ao sábado. Sabe porquê? Porque é quando não há alunos na Escola”, refere. O cliente Miguel Mendes confirma: “sou cliente habitual, se bem que gostava de ser mais habitual do que o que é possível. Muitas vezes tenho de voltar para trás e escolher outro estabelecimento para comer a minha refeição porque não consigo arranjar aqui estacionamento”.
A falta de estacionamento tem motivado críticas e está a levar ao desespero os comerciantes daquela zona da cidade. Recentemente, recorde-se, Carlos Silva, que tem um escritório no Largo das Forças Armadas, queixou-se publicamente, numa reunião de câmara, de que os seus clientes não têm onde deixar o carro, o que lhe prejudica a actividade. E pediu uma solução.
Comerciantes e clientes dizem a O MIRANTE não compreender o motivo para os alunos da escola ocuparem os lugares de estacionamento existentes na rua quando a Escola Prática de Polícia tem um largo com dimensões consideráveis onde os podiam estacionar. Além disso, a Câmara de Torres Novas disponibilizou lugares de estacionamento para os aspirantes a agentes policiais, mas estes não os utilizam porque, ao que o nosso jornal apurou, o parque encontra-se fechado sendo necessário que um polícia o vá abrir sempre que um aluno lá quer deixar o carro. Uma metodologia pouco viável, nada rápida, e que levará a que os alunos descartem a hipótese de lá deixar o automóvel, preferindo ocupar ao domingo à noite os lugares disponíveis à porta da EPP.
O MIRANTE contactou a EPP para que pudesse esclarecer esta situação mas não obteve resposta até ao fecho desta edição. Do lado do município, recorde-se, o presidente de câmara, Pedro Ferreira, admitiu que este é um problema que precisa de ser resolvido, disponibilizando-se para ir à escola sensibilizar os futuros polícias para estacionarem as viaturas no parque disponibilizado que fica a cinco minutos a pé da EPP.
Comerciantes ponderam manifestação
Perante a inércia da EPP e do município, há comerciantes que ponderam organizar uma manifestação para expressarem o seu desalento e impedirem os alunos de ocuparem, ao domingo, os lugares de estacionamento do Largo das Forças Armadas. Para já, Vítor Alves, marido da gerente da Tasca do Chico, imprimiu vários papéis para colar nas árvores onde apela aos alunos para não estacionarem naqueles lugares. “Não sei se vai resultar mas temos de tentar. Estamos a ter um prejuízo de 300 euros diários. A câmara e a escola estão-nos a dificultar a vida e a fazer perder muito dinheiro”, refere o motorista de pesados, explicando que tem de canalizar parte do seu ordenado para pagar encargos financeiros do restaurante onde trabalham a sua mulher e sogra.
O vereador responsável pelo pelouro da mobilidade, João Trindade, referiu a propósito do assunto numa das últimas reuniões do executivo camarário que já reuniram mais do que uma vez com um dos responsáveis da EPP e que este lhes transmitiu que não pode obrigar os alunos a não estacionarem nos lugares do Largo das Forças Armadas, já que são de utilização pública. João Trindade acrescentou que está a ser preparado um regulamento para dísticos de residentes para que estes “possam estacionar livremente” naquela zona e, adicionalmente, voltar a ser implementada a limitação de tempo de estacionamento, através da instalação de parquímetros.