Sociedade | 19-12-2024 12:00

Doenças cardiovasculares têm influência nos tratamentos oncológicos

Doenças cardiovasculares têm influência nos tratamentos oncológicos
Mariana Saraiva é responsável pela consulta de cardio-oncologia no Hospital CUF Santarém

Mariana Saraiva, da CUF Santarém, explica as formas como se relacionam doenças cardiovasculares e oncológicas. Há doentes que desenvolvem doenças do coração durante ou depois dos tratamentos.

Há doentes que desenvolvem doenças do coração durante ou depois dos tratamentos, alguns décadas após terem vencido o cancro. Em muitos casos, os doentes oncológicos têm necessidade de passar por tratamentos associados a cardiotoxicidade, como a quimioterapia e radioterapia, entre outros, e as sequelas cardíacas podem mesmo comprometer a continuidade dos tratamentos. Para responder às necessidades destes doentes, o Hospital CUF Santarém criou a Consulta de Cardio-Oncologia, cuja equipa tem a capacidade de discutir alternativas terapêuticas com os especialistas em Oncologia, com vista a optimizar o tratamento oncológico e a torná-lo mais seguro para o doente.

Qual é a relação entre o cancro e as doenças cardiovasculares? As duas partilham factores de risco. Por exemplo, o tabagismo é factor de risco para ter cancro do pulmão, mas também para ter um enfarte agudo do miocárdio. Depois há outros factores como hipertensão, diabetes… também sabemos que pelo ambiente inflamatório que ambas geram nos órgãos, elas podem potenciar-se uma à outra. Um doente oncológico tem maior risco de desenvolver doença cardiovascular e vice-versa.
Que tipo de influência têm os tratamentos? As doenças relacionam-se de múltiplas formas. Preocupa-nos o risco que os tratamentos oncológicos representam para as doenças cardiovasculares. E não é só a quimioterapia, qualquer tipo de tratamento pode ter toxicidades sob várias formas.
Os tratamentos a nível cardiovascular potenciam o cancro? Neste caso a relação é mais ao contrário. Sabemos através de alguns estudos que há fármacos para tratar a hipertensão arterial ou insuficiência cardíaca que reduzem o risco de doença oncológica.
Os efeitos adversos surgem apenas durante o tratamento ou podem verificar-se também depois? Podem surgir durante e depois do tratamento. Estas preocupações começaram a surgir precisamente pelos sobreviventes. Temos sido cada vez mais eficazes a tratar o cancro, mas verificou-se que, por exemplo, nos sobreviventes de linfomas em idade jovem que faziam tratamentos com quimioterapia e radioterapia, apareciam aos 50 ou 60 anos com formas muito graves de insuficiência cardíaca. Em algumas situações até com necessidade de transplante cardíaco.

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