Fábrica da Tupperware em Montalvo encerra no próximo ano e deixa no desemprego 200 trabalhadores
Após meses de incerteza, fábrica de multinacional norte-americana encerra portas a 8 de Janeiro e manda para o desemprego duas centenas de trabalhadores. Anúncio foi feito pelo presidente da Câmara de Constância no início da última assembleia municipal.
Após vários meses de espera e indecisão, é conhecido o futuro da empresa da Tupperware em Montalvo que, a partir do dia 8 de Janeiro, vai encerrar deixando no desemprego cerca de 200 trabalhadores. A informação foi transmitida pelo presidente da Câmara de Constância, Sérgio Oliveira (PS), no início da assembleia municipal de 19 de Dezembro. O autarca deixou uma palavra de solidariedade aos trabalhadores neste momento difícil e reforçou que a autarquia iria ajudar no que fosse possível. Recorde-se que a 26 de Setembro, o presidente da Câmara de Constância deu uma conferência de imprensa para falar sobre o processo da fábrica da Tupperware em Montalvo. O autarca admitia um futuro incerto e dependente de negociações com investidores. “Não existe o cenário de despedimentos ou salários em atraso. Se não houver investidores que consigam dar continuidade ao negócio para a empresa continuar a laborar, essa questão pode ser colocada, mas mais para a frente”, dizia Sérgio Oliveira.
A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana, com o anúncio do pedido de declaração de insolvência a ter consequências directas na unidade portuguesa, hoje conhecidas, e que vai deixar no desemprego os 200 trabalhadores que ali eram efectivos. Tendo feito notar que “a câmara municipal e os seus serviços estão disponíveis para ajudar e apoiar os trabalhadores dentro daquilo que for possível”, Sérgio Oliveira disse ter sido “surpreendido” com o anúncio do fecho da fábrica e que depositava expectativas noutro desfecho. “É uma notícia triste para o concelho de Constância e para toda a região. A Tupperware, ao longo destes anos, tem tido um papel muito importante no número de postos de trabalho, directos e indirectos”, disse à Lusa.
Diversos partidos políticos e dirigentes sindicais manifestaram ao longo dos últimos meses preocupação com a incerteza sobre o futuro dos 200 trabalhadores da fábrica da Tupperware em Montalvo, tendo criticado a “falta de informação” sobre o processo de falência da multinacional. Em Novembro, o Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Transformadoras, Energia e Actividades do Ambiente do Centro-Sul e Regiões Autónomas (SITE-CSRA) manifestou preocupação com a incerteza sobre o futuro dos 200 trabalhadores da fábrica da Tupperware, tendo criticado a falta de informação sobre o processo de falência da multinacional. “O encerramento da Tupperware, caso se concretizasse, significaria um drama para as centenas de trabalhadores. Seria igualmente desastroso para o concelho de Constância, para a região e para o país. O problema deve merecer a maior atenção e tomada de medidas por parte do Estado e, em particular, do Governo” afirmava o dirigente sindicalista Ricardo Rodrigues.
A Tupperware Brands iniciou voluntariamente o processo do Capítulo 11 no Tribunal de Falências de Delaware, e terá conseguido em Outubro a aprovação do tribunal para continuar a operar e facilitar um processo de venda para proteger a marca. Segundo a AP, um juiz de falências dos EUA aprovou a venda da Tupperware Brands, abrindo caminho para que a empresa saia da protecção do Capítulo 11 e continue a oferecer os seus produtos enquanto passa por uma reestruturação. A venda estava ainda sujeita a condições de fecho. Segundo os termos do acordo, um grupo de credores está a comprar a marca Tupperware e vários activos operacionais por 23,5 milhões de dólares em dinheiro e mais de 63 milhões de dólares em redução da dívida.