Empresa promete medidas para reduzir poluição de fábrica no concelho de Coruche
A Câmara Municipal de Coruche reuniu-se com a administração da ETSA, grupo que detém a fábrica ITS, em Olheiros do Meio, para abordar problemas de maus cheiros que têm gerado queixas dos residentes na área. Melhorias no sistema de extracção, monitorização da qualidade do ar e uma nova ETAR estão entre as medidas prometidas.
O presidente da Câmara Municipal de Coruche, Francisco Oliveira, revela que reuniu com representantes da administração do grupo ETSA, no dia 18 de Dezembro, para discutir os problemas de maus cheiros associados à actividade da fábrica ITS, localizada na freguesia de São José da Lamarosa. A reunião foi motivada por reclamações de residentes da zona do Frazão e depois do assunto já ter sido abordado por vereadores em reuniões de câmara.
“Aquilo que indicaram foi um conjunto de acontecimentos que contribuíram, neste período, para que as situações se agravassem”, afirma o autarca, referindo-se às explicações apresentadas por três representantes da administração e pelo presidente do grupo ETSA. Entre os factores destacados estiveram um incêndio num dos armazéns, que obrigou a um rescaldo de 10 dias, e uma avaria no sistema de ventilação e extracção, o que agravou os odores.
De acordo com Francisco Oliveira, que deu a conhecer o teor da reunião na última reunião de câmara do ano, a empresa relatou que procedeu à substituição do sistema de extracção e tem monitorizado a qualidade do ar. Também foi anunciada a criação de uma barreira na entrada da fábrica para minimizar a saída de odores para o exterior. “Dizem, na versão deles, que as coisas agora estão regulares e não estão a gerar aquela incomodidade”, acrescentou. Outro factor que contribuiu para o agravamento do problema foi a obrigatoriedade imposta pela Direcção-Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) para recolher carcaças de ovinos afectados pela doença da língua azul, muitas delas em estado avançado de decomposição.
No plano de investimentos, a ETSA indicou que está em processo de construção de uma nova Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) para tratar os efluentes da actual unidade e de uma nova unidade industrial em fase de conclusão.
O transporte das carcaças foi outro ponto abordado, devido a relatos de perdas de peças de animais em camiões durante o percurso para a fábrica. A empresa afirmou estar a reconverter as caixas térmicas dos camiões para garantir a estanquidade. “Deixei a preocupação da câmara municipal e dos munícipes para que eles possam fazer o melhor possível para que possa ser uma empresa amigável em termos económicos e ambientais”, frisou o presidente.
O grupo ETSA comprometeu-se a enviar à autarquia um documento detalhado sobre os problemas ocorridos, as melhorias implementadas e as medidas futuras. Segundo Francisco Oliveira, os serviços de fiscalização municipal continuarão a monitorizar a situação, especialmente durante os meses de Verão, quando os problemas tendem a ser mais frequentes.
A ITS opera a recolha e tratamento de matérias de categoria 1 e 2 proveniente de matadouros, de explorações pecuárias, de canis e gatis e de outos centros convencionais de recolha. As matérias recepcionadas pela ITS, rejeitadas por intervenção veterinária são transformadas em gorduras para posterior aproveitamento energético e em farinhas, que são sujeitas a um processo interno de co-incineração do qual resulta energia térmica.
Recorde-se que a 7 de Novembro um incêndio destruiu um armazém de farinhas nesta unidade fabril e, ainda nesse mês, o vereador do PSD, Osvaldo Mendes deu conta de queixas de munícipes por causa dos maus cheiros.