Liga dos Amigos dos Bombeiros de Tomar é um pronto-socorro ao serviço dos soldados da paz
Criada em 1989, a Liga dos Amigos dos Bombeiros de Tomar tem como fim ajudar os bombeiros da cidade. A associação, com cerca de três mil sócios, investe todo o seu dinheiro na ajuda aos bombeiros. Já ofereceram ambulâncias, materiais para o ginásio e ajudam nas despesas com a formação dos bombeiros voluntários. O MIRANTE visitou a sede do grupo, localizada ao lado do quartel dos bombeiros de Tomar, e falou com o presidente da Liga, Rui Patrício, 65 anos, ex-bombeiro.
A Liga dos Amigos dos Bombeiros de Tomar nasceu em 1989 com o objectivo de ajudar os bombeiros da cidade. Constituída por três mil sócios, todo o dinheiro angariado é utilizado para ajudar os bombeiros de Tomar. O núcleo duro é a direcção que está no cargo há 20 anos, composta por seis elementos, três deles antigos bombeiros. Assumem que são uma equipa unida e que todas as decisões são tomadas em conjunto. Desde a sua criação até à actualidade o grupo foi-se expandindo, atravessou algumas fases complicadas, mas nunca parou. Hoje, a Liga dos Amigos dos Bombeiros de Tomar tem uma grande importância para os bombeiros locais porque ajuda no que a Câmara de Tomar não consegue.
O MIRANTE visitou a sede da Liga, localizada junto ao quartel dos bombeiros de Tomar, e falou com o presidente, Rui Patrício, 65 anos, sócio fundador e antigo bombeiro. O dirigente conta que a Liga ofereceu há pouco mais de um mês uma ambulância aos bombeiros de Tomar que custou cerca de 80 mil euros, também ofereceram materiais para o ginásio da corporação no valor de cinco mil euros. Além destas ofertas também dão todos os anos, no Natal, uma senha para cada bombeiro levantar um bolo-rei numa pastelaria local e uma garrafa de vinho.
Outra grande preocupação da Liga é a formação dos bombeiros voluntários. “Os voluntários têm as pernas cortadas a nível de formação e combinámos entre todos pagar a formação aos voluntários, suportando a estadia e a alimentação”, explica. Rui Patrício refere que quando a direcção assumiu funções, há 20 anos, a Liga tinha cerca de três mil euros e que agora, quando ofereceram a ambulância aos bombeiros, tinham 120 mil euros a prazo e 10 mil à ordem, o que representa um grande aumento financeiro. As receitas são provenientes sobretudo da quotização dos sócios. “O dinheiro não é nosso, é todo para investir para os bombeiros”, sublinha.
A Liga dos Amigos dos Bombeiros de Tomar organiza todos os anos colheitas de sangue, sendo essa a principal actividade organizada pelo grupo. “Sabemos que é algo muito importante e que salva vidas, é uma iniciativa para continuar”, garante Rui Patrício. As colheitas de sangue são feitas em diversos locais de Tomar, como escolas e outros espaços.
Para o futuro, o grupo pretende continuar o trabalho que tem feito, “Nós estamos aqui por amor à camisola, mas acima de tudo estamos aqui porque gostamos de ajudar os bombeiros, funcionamos como família”, refere. O grupo começou por funcionar na secretaria do quartel dos bombeiros em Tomar, mas há dois anos ganhou uma sede própria, num espaço junto ao quartel que foi cedido pela Câmara de Tomar. “Tem a vantagem de ser virada para a rua, evitamos de ter que entrar dentro do quartel como acontecia antigamente”, diz.
Paixão pelos bombeiros começou em criança
Rui Patrício nasceu e cresceu em Tomar. Filho de um bombeiro, desde pequeno se habituou a frequentar o quartel, já que morava na vizinhança. Trabalhou como vendedor, mas em 1982 entrou como voluntário para os bombeiros de Tomar, saindo apenas em 2011. Depois foi para Ferreira do Zêzere, onde foi bombeiro de 2012 até à aposentação em 2016. “O meu pai como era segundo comandante, na altura, em Tomar, não queria que eu viesse para aqui trabalhar, então eu concorri à câmara municipal sem ele saber, entrei e fiquei”, refere Rui Patrício.
Recorda que ainda em pequeno, com apenas 11 anos, foi mascote do actual quartel dos bombeiros de Tomar, quando o espaço foi inaugurado. “Ainda tenho a farda”, diz bem-disposto. Rui Patrício começou como aspirante e terminou a sua carreira nos bombeiros como comandante, tendo passado por todos os cargos menos o de segundo comandante.
Ainda chegou a trabalhar com o seu pai no quartel de Tomar, o pai era comandante e Rui Patrício era chefe, o cargo mais alto nos bombeiros voluntários. Diz que fez de tudo nos tempos em que trabalhou como bombeiro voluntário, desde fisioterapias, hemodiálises, consultas no hospital, emergências médicas e fogos. Guarda muitas histórias dos tempos em que trabalhou como bombeiro, diz que nunca teve medo, embora tenha apanhado alguns sustos.
O episódio que mais o marcou foi um incêndio na garagem do antigo centro comercial de Tomar, nos anos 90. “Aquilo meteu respeito porque nós não sabíamos o que estávamos a fazer, aquilo era um incêndio na cave, não se via nada, arderam uns três carros, felizmente acabou por correr tudo bem, mas eu pensei que podia dar para o torto, havia o medo de os carros arderem todos”, recorda.
Hoje, já aposentado, Rui Patrício confessa que sente muitas saudades de ser bombeiro. “Posso dizer que ainda sonho às vezes com os bombeiros. O bichinho continua cá, tive muitos bons momentos nos bombeiros, corri o país todo nos fogos”, refere. Actualmente os seus dias são passados na agricultura, em casa, vai à pesca e à caça e faz caminhadas.