Santarém tem condições para criar um hospital universitário
A ideia de transformar o Hospital Distrital de Santarém num hospital universitário como têm as maiores cidades do país, nasceu no meio académico e está a ser defendido pelo investigador Miguel Castanho.
No entender do investigador nascido em Santarém e do presidente do instituto politécnico, João Moutão, a cidade tem actualmente, com o surgimento de mais um hospital privado e as condições de vida mais difíceis em Lisboa, as condições para concretizar o projecto. Pedro Ribeiro, autarca de Almeirim e Presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria, trouxe o assunto a público na visita recente da secretária de Estado da Gestão da Saúde, Cristina Vaz Tomé.
Santarém tem todas as condições para ter um hospital universitário e esta nova realidade vai mudar a cidade, considera o presidente do Instituto Politécnico de Santarém (IPS). João Moutão realça que a região deve olhar para esta ideia, que foi lançada no seio do politécnico pelo investigador do Instituto de Medicina Molecular, Miguel Castanho, como uma oportunidade. O investigador natural de Santarém sublinha que as mudanças previstas para a organização do ensino superior, o facto de a cidade passar a ter três hospitais, dois deles privados, e a localização, bem como a proximidade a Lisboa, constituem uma conjugação única de factores.
Miguel Castanho, em declarações a O MIRANTE, diz que esta ideia vai ganhar força porque com o aparecimento do Hospital da Luz, que está em construção, “vai aparecer mais massa crítica na cidade que criam oportunidades na formação em saúde”. A ideia passa pela transformação do hospital distrital no polo formativo, como é, por exemplo, o Hospital de Santa Maria em Lisboa, aproveitando o facto de haver em Santarém uma Escola Superior de Saúde e de o IPS já estar a fazer parcerias com outras instituições universitárias, tendo actualmente um centro de investigação em saúde em parceria com a Universidade do Porto.
João Moutão não tem dúvidas que existem características óptimas para concretizar esta ideia, assim se consigam unir os vários parceiros importantes como os hospitais, as autarquias, o politécnico e outras instituições relacionadas com a saúde. O presidente do IPS diz, no entanto, que esta situação não é para amanhã e que tem de ser pensando a médio/longo prazo. Para Miguel Castanho “é preciso começar a pensar e sobretudo ter-se o atrevimento de pensar em comum”. O investigador concretiza que o amadurecimento de uma intenção como esta pode levar entre 5 a 15 anos.
Juntar hospitais privados e públicos, como se pretende, num projecto, não é muito comum, lembra Miguel Castanho, ressalvando que isso é uma coisa que se aprende. Transformar o hospital distrital num projecto universitário “exige pensamento, novos conceitos e planeamento”. Reforçando a perspectiva de João Moutão de que esta ideia vai transformar Santarém, o investigador refere que este é um projecto com características multiplicadoras, com potencial para captar outras organizações do sector da saúde, dando como exemplo empresas de biotecnologias ou até mesmo instituições ligadas aos cuidados para a terceira idade.
O investigador de Santarém, que ficou conhecido pelas suas intervenções televisivas relacionadas com a pandemia de Covid 19, aponta mais vantagens que a cidade tem para implementar esta ideia, como o facto de o custo de vida nesta zona ser mais baixo do que em Lisboa, “onde começa a ser impossível viver”.
A primeira vez que se ouviu falar publicamente desta oportunidade foi na inauguração do novo serviço de Anatomia Patológica no Hospital Distrital de Santarém durante o discurso do presidente da Comunidade Intermunicipal da Lezíria do Tejo e da Câmara de Almeirim, Pedro Ribeiro. O autarca disse perante a secretária de Estado da Gestão da Saúde, Cristina Vaz Tomé, que já existem condições para implementar esta dinâmica que é importante para fixar profissionais, precavendo o futuro em termos de escassez de médicos, que é um problema a nível mundial.