Estudo científico vai avaliar importância de pegadas de dinossáurios em Torres Novas
Uma descoberta com vinte anos foi tornada pública recentemente e ficou a saber-se que no concelho de Torres Novas há mais uma jazida paleontológica com trilhos de pegadas de dinossáurios, encontrados numa pedreira desactivada.
Várias entidades comprometeram-se a estudar e a preservar as pegadas de dinossáurios descobertas há 20 anos numa pedreira desactivada em Pedrógão, concelho de Torres Novas, e tornadas públicas no final de Dezembro. A jazida paleontológica, na Serra de Aire, foi identificada por João Carvalho, da Sociedade Torrejana de Espeleologia e Arqueologia, e os trilhos de pegadas de dinossáurios localizam-se na Pedreira do Espanhol.
Os trilhos encontram-se dispersos numa área com cerca de 10.800 metros quadrados, num estrato calcário datado do Jurássico Médio. “Em primeiro lugar, o que temos de fazer é haver um estudo científico que valide a importância desta laje e das pegadas que aqui existem, esse é o primeiro passo”, afirmou à agência Lusa o director regional de Lisboa e Vale do Tejo do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Rui Pombo.
O responsável do ICNF acrescentou que, além do estudo, é importante que a comunidade científica também indique qual a melhor forma para preservar o achado. Quanto à promoção da visitação, esta deve ser “cuidada, sustentada, adequada, regrada”. Neste aspecto, Rui Pombo apontou a possibilidade de ter “um espaço de visitação diferente”, natural, “sem o artificializar” para uma visitação mais massiva, e complementar à Pedreira do Galinha, hoje Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém – Torres Novas, do qual dista seis quilómetros em linha recta.
Questionado se há verba para concretizar este trabalho, respondeu positivamente. “Conseguiremos, seguramente, encontrar esse dinheiro, designadamente no âmbito daquilo que é a Comissão de Cogestão do Parque Natural”, afiançou, notando que, nos últimos quatro anos, na Jazida com Pegadas de Dinossáurios de Vale de Meios (Santarém) e na Pedreira do Galinha foram investidos quase um milhão de euros, ao nível da geoconservação, condições de visitação e material didáctico.
Património deve ser classificado
Já o presidente da Câmara de Torres Novas, Pedro Ferreira, salientou a “necessidade absoluta de classificação” do espaço, garantindo que, “de todas as maneiras, a câmara municipal irá acompanhar e ajudar a preservar”. Por outro lado, o autarca admitiu que esta descoberta “irá, de uma forma directa ou indirecta, acabar por ficar ligada” ao Monumento Natural das Pegadas de Dinossáurios de Ourém – Torres Novas, onde, desde a descoberta, em 1994, o município sempre acompanhou “com muito empenho” os trabalhos desenvolvidos.
O vice-presidente da Comissão de Coordenação de Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo, José Alho, referiu que o achado “será muito importante no sentido de acrescentar valor ao que já existe no domínio da paleontologia” nesta região. Já o presidente da Comissão de Cogestão do Parque Natural das Serras de Aire e Candeeiros, Rui Anastácio, afirmou que o achado é mais um ponto de interesse, que deve ser promovido e divulgado para trazer valor ao território, enquanto o docente da Universidade de Évora Luís Lopes, presidente da Associação Portuguesa de Geólogos, realçou a importância da descoberta para a geologia.
O geólogo Galopim da Carvalho, que já visitou o local, fez chegar uma mensagem na qual declarou que o achado, embora sem a monumentalidade da jazida da Pedreira do Galinha, “é mais um elemento importante a acrescentar ao já notável património geológico e paleontológico do PNSAC”.