Falta de segurança e atrasos constantes são principais queixas de quem viaja de comboio
Kristina Tsupryk, Diogo Silva e Diana Serrano costumam viajar de comboio, a partir do Entroncamento. Escolha do meio de transporte público, em prol do pessoal, incide no custo inerente às viagens, como portagens e gasóleo. Além dos atrasos e da falta de segurança, quer nos comboios quer nas estações, a necessidade de uma maior frequência de comboios é outro dos factores que gostavam de ver melhorado.
Diogo Silva, Diana Serrano e Kristina Tsupryk deslocam-se habitualmente de comboio do Entroncamento para estudar ou trabalhar noutras cidades, como Lisboa ou Santarém. Uma opção pelo transporte público ditada pelos custos da viagem de carro, pelo tráfego rodoviário intenso na capital e também por razões ambientais. Os utilizadores da ferrovia apontam, como principais queixas em relação a esse meio de transporte, os atrasos e a falta de segurança nos comboios e estações.
Kristina Tsupryk, de 24 anos, é freelancer e estudante em Lisboa, para onde viaja, todos os dias, a partir da estação do Entroncamento e, pontualmente, dos Riachos, em direcção a Lisboa Oriente ou Santa Apolónia. Lamenta que, enquanto mulher, se sinta poucas vezes segura, tendo experienciado alguns episódios desconfortáveis. “Desde olhares, a comportamentos propositados, como virem sentar-se ao pé de mim, com uma carruagem inteira vazia; meterem conversa comigo, mesmo depois de me ter mostrado desconfortável e sem intenção de continuar... Cheguei a ser seguida num parque de estacionamento”, lamenta a jovem.
Mesmo nas estações, como é o caso do Oriente, Kristina Tsupryk considera que devia haver um reforço de policiamento e segurança. “Há sempre alguém a tentar vender alguma coisa, de forma insistente e, até, pouco amigável. Vi brigas nas plataformas, agressores a cuspirem outros passageiros. Quer nas plataformas, quer nas carruagens, não há ninguém a fiscalizar. A polícia nunca sobe as plataformas e, nas carruagens, o revisor passa uma vez, com intervalos muito grandes de tempo”, lamenta. Durante o percurso de hora e meia, Kristina Tsupryk costuma viajar sozinha, aproveitando para ler ou adiantar trabalhos no computador, tendo já feito amizade com alguns estudantes que fazem o mesmo percurso.
Diana Serrano, de 21 anos, também é estudante de História em Lisboa, fazendo a viagem há cerca de três anos, para Lisboa Oriente. Além de ser mais económica a viagem de comboio, a jovem afirma que a redução da pegada ecológica, com a opção de um meio de transporte menos poluente, foi um factor decisivo na sua escolha. No entanto, acredita que, principalmente, nas zonas fora da grande Lisboa, a frequência de comboios deveria ser maior e com menos atrasos. A leitura é uma das ocupações que gosta de fazer, durante a viagem de hora e meia, além de ouvir música e fazer croché.
“Os custos de portagens e gasóleo são incomportáveis”
Diogo Silva tem 21 anos e trabalha, como técnico de protecção solar, em Santarém, tendo de fazer o percurso, todos os dias, desde o Entroncamento até à capital de distrito, desde os 18 anos. “A viagem é curta. Demoro cerca de 30 minutos de comboio e demoraria pouco mais de carro. Mas os custos de portagens e gasóleo são incomportáveis e preferi um transporte público”, explica.
Apesar de algumas conversas de ocasião com outros passageiros, nunca fez nenhuma amizade no comboio, viajando, quase sempre, sozinho, a ouvir música ou nas redes sociais. No entanto, recorda uma história, em particular. “Estava a ir do Entroncamento para Ponte de Sor e o comboio teve uma avaria, a cerca de duas paragens antes do destino. Liguei à minha mãe, que estava à minha espera em Ponte de Sor, a perguntar se me podia ir buscar ao local. Depois de ela ter aceitado, levantei-me e gritei para a carruagem se alguém ia para Ponte de Sor que eu tinha três lugares no carro, acabei por levar três pessoas e fomos todos apertados e com a bagageira cheia de malas”, conta divertido. Tal como Diana Serrano, o jovem acha que deveria existir maior frequência de comboios e menos greves e atrasos.