Sociedade | 15-01-2025 12:00

Utentes de Arranhó vão fazer 10km para ir ao médico

Utentes de Arranhó vão fazer 10km para ir ao médico
Carlos Alves

Decisão comunicada pela Unidade Local de Saúde Estuário do Tejo está a gerar fortes queixas da população e autarcas, depois dos utentes de Arranhó começarem a ser informados de que passarão a ter de ser atendidos a 10 quilómetros de casa, em Arruda dos Vinhos. Presidente do município não poupa nas críticas à administração da ULS e já pediu reunião urgente com director executivo do SNS.

Os utentes inscritos na Unidade de Saúde de Arranhó, no concelho de Arruda dos Vinhos, começaram a ser contactados pela Unidade Local de Saúde Estuário do Tejo (ULSET) para serem informados de que a partir de Janeiro passam a ser atendidos por uma nova equipa de saúde familiar, situada na Unidade de Saúde Familiar (USF) Lusitano, em Arruda dos Vinhos, que fica a 10 quilómetros de distância. Uma situação que, face ao envelhecimento da população de Arranhó, que tem 2.584 habitantes e é uma freguesia mal servida de transportes públicos, está a gerar queixas na comunidade e também entre os autarcas, em particular Carlos Alves, presidente do município de Arruda dos Vinhos, que não se conforma com a medida. A decisão foi comunicada pela administração da ULSET, liderada por Carlos Andrade Costa, que ligou no dia 31 de Dezembro, às 19h00, ao presidente do município dando nota das mudanças que iriam começar a ter lugar a 2 de Janeiro.
O autarca queixa-se de todo o processo ter sido conduzido à revelia do município e diz ter exigido que pelo menos fosse dada aos utentes a possibilidade de poderem escolher onde serem atendidos. Lamentando a forma “atabalhoada” como o processo foi conduzido pela ULSET, Carlos Alves critica a falta de respostas que tem tido. “Esta ULSET responde à tutela não aos municípios. Ainda antes desta reunião liguei ao presidente do conselho de administração, que não me atendeu a chamada”, criticou Carlos Alves, durante a última reunião de câmara onde o assunto foi também alvo de discussão. Arruda dos Vinhos, recorde-se, é o único concelho da área de abrangência da ULSET onde todos os utentes têm médico de família. Entretanto o município também emitiu um comunicado sobre o assunto.

“Uma decisão sem sentido”
Já a vereadora Sandra Lourenço, do PSD, diz que toda a situação apanhou a população de surpresa e criticou uma mudança feita sem o consentimento da comunidade nem o conhecimento prévio desta. “Lançou a confusão. Ninguém entende o que se está a passar. Foi-nos transmitido por vários utentes que os contactos que estão a ser feitos pela ULS aos utentes são meramente informativos e em momento algum foi questionada a preferência do atendimento. Chegaram-nos relatos que o utente era aconselhado a aceitar a transferência, porque em Arruda funcionaria melhor e mais rapidamente”, criticou.
Também o presidente da Junta de Freguesia de Arranhó, Pedro Mateus, confirma os receios e as críticas da população. “O nosso centro de saúde faz muita falta para a população, sobretudo para a mais idosa. Numa altura em que tentamos manter a proximidade com as pessoas decidir-se que todos os utentes passam a ser atendidos em Arruda faz pouco sentido. Não estamos a dar os passos correctos”, critica.
Questionada por O MIRANTE, a ULS Estuário do Tejo diz ter visto a posição da câmara “com total estranheza e perplexidade” mas não nega que os utentes estejam a ser transferidos para Arruda dos Vinhos. Diz, no entanto, que passam a dispor de uma equipa de saúde que disponibiliza aos utentes de Arranhó cuidados de saúde infantil e juvenil, grávidas, planeamento familiar, domicílios, entre outros, “com capacidade de resposta mais atempada”.

Câmara quer audiência com director do SNS

O executivo liderado por Carlos Alves não se conforma com a postura da ULSET e confirmou já ter enviado um pedido urgente de reunião com o director executivo do SNS, António Gandra d’Almeida, visando obter esclarecimentos sobre esta mudança dos utentes de Arranhó. “Estamos a aguardar uma resposta a este nosso pedido”, informa Carlos Alves, que voltou a notar que a gestão dos centros de saúde não é uma competência municipal mas que sempre se irá opor a um esvaziamento de serviços e ao encerramento da unidade de saúde de Arranhó.

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