200 trabalhadores da Tupperware com esperança na manutenção dos postos de trabalho
Trabalhadores da Tupperware vão continuar a trabalhar até final do mês de Janeiro. Essa foi a única certeza da reunião com a direcção da fábrica que durou cerca de hora e meia. Neste momento existem três possibilidades em cima da mesa: ou a fábrica continua a produzir com uma nova estrutura acionista; é vendida a outros investidores; no pior cenário, fecha portas, deixando cerca de 200 trabalhadores no desemprego.
Os 200 funcionários da Tupperware vão continuar a trabalhar até final de Janeiro, mas a incerteza sobre o futuro da fábrica instalada em Montalvo, no concelho de Constância, permanece, podendo continuar a laborar, ser vendida ou entrar em insolvência. “A informação que tivemos é praticamente a mesma da reunião anterior e não sabemos o nosso futuro, sendo que foi-nos transmitido que até final do mês vamos continuar a apresentar-nos ao serviço e que há três hipóteses em cima da mesa: a fábrica pode continuar a funcionar com os actuais proprietários, pode ser vendida a um grupo português ou que pode ir para insolvência e que, até final do mês, se saberá”, disse à Lusa Rui Caseiro, funcionário da Tupperware.
Rui Caseiro falava à saída de uma reunião que envolveu todos os trabalhadores e o director da fábrica da multinacional norte-americana. Com 47 anos e 23 anos de casa, Rui Caseiro, residente em Tramagal, disse ainda que a produção está parada e que está a ser dada resposta às últimas encomendas, trabalho que pode estender-se por mais uma semana.
A fábrica não fechou portas como foi previamente anunciado pelo presidente da câmara e pelos trabalhadores. À porta da fábrica, os jornalistas esperaram mais uma vez pela saída dos trabalhadores para tentar obter alguma informação sobre o futuro da empresa e dos 200 funcionários, informação que tem sempre surgido aos poucos e quase sempre de maneira informal, tendo os mesmos indicado que se mantêm as “dúvidas e incertezas”, mas que saíram da reunião com a “garantia verbal que seria tudo pago”, caso haja necessidade de despedimentos. “O que foi divulgado é que continua tudo em stand by até final de Janeiro e que, se até lá não for divulgada informação para continuar, que vai entrar em insolvência. Que estão à espera de ordens dos Estados Unidos e mantêm-se as incertezas e as dúvidas até final do mês”, disse Helena Jesus, 57 anos, residente em Abrantes. Com 35 anos de trabalho na empresa, Helena Jesus disse que, no período de perguntas dos trabalhadores na reunião, “a dúvida era se, caso a empresa feche, se era tudo pago”, e os direitos dos trabalhadores salvaguardados, o que terá sido assegurado.
Luísa Batista, com 62 anos de idade e 38 anos de fábrica, afirmou sair da reunião “mais tranquila” com as garantias dadas, apesar da incerteza no futuro. “Não tenho razão para não confiar, sempre pagaram, não devem nada, temos os salários em dia, ainda vamos receber este mês e temos ainda trabalho”, afirmou. “Gostava que a fábrica continuasse a funcionar, pelo menos até à minha reforma, faltam quatro anos”, disse, com um sorriso.
Sérgio Oliveira, presidente da Câmara de Constância, revelou que “há um grupo de investidores interessados na fábrica da Tupperware, que a câmara acompanhou numa reunião com a secretaria de Estado da Economia, e já foi apresentada uma proposta de aquisição da fábrica à empresa norte americana, tendo chegado ontem um pedido de esclarecimentos adicionais, já respondido, e aguarda-se resposta”, avançou, sem detalhar o nome do grupo empresarial. Por outro lado, indicou, a licença de produção da fábrica expirou na quarta-feira, dia 8 de Janeiro, e “os actuais proprietários pediram a renovação da licença, ainda sem resposta”.
“Esperemos que seja um período difícil e que no fim haja efectivamente essa luz ao fundo do túnel e que a Tupperware continue a laborar, com o nome Tupperware ou com outro nome qualquer, e que continue a assegurar o número de postos de trabalho que ali tem para aquelas famílias todas”, concluiu.
A fábrica da multinacional Tupperware em Portugal, a funcionar desde 1980 na freguesia de Montalvo, dependia a 100% da casa-mãe norte-americana, vendida depois de em Setembro ter entrado em falência, e os planos para o futuro não parecem passar pela Europa, uma vez que a empresa revogou a sua licença de venda de produtos em todos os países europeus, segundo noticiou a imprensa internacional.