Viaduto sobre a Linha do Norte em Santana anda há anos para sair do papel

São muitas as promessas e reivindicações, mas o ambicionado viaduto que vai permitir suprimir a passagem de nível de Santana, perto do Cartaxo, continua por construir há quinze anos. Deputado reconhece ineficiência do Estado e diz que é uma vergonha.
O deputado socialista Hugo Costa, relator da petição pela construção do viaduto de Santana sobre a Linha do Norte, perto do Cartaxo, disse na audição de peticionários ser “uma vergonha do próprio Estado o problema do viaduto de Santana não estar resolvido”, anunciando aos subscritores das petição que o PS vai apresentar junto do governo as propostas necessárias para haver essa garantia. O deputado do PS, eleito por Santarém, referiu que “morrem pessoas naquela via porque um atravessamento da Linha do Norte com comboios de alta velocidade a passarem ali, sem um atravessamento em segurança, não é compatível”.
O actual presidente da Câmara do Cartaxo, João Heitor (PSD), revelou na última sessão da assembleia municipal que havia a expectativa, após reuniões com o ministro das Infraestruturas e sucessivos contactos com a Infraestruturas de Portugal (IP), de a obra ser lançada até final de 2024. O autarca acrescentou que o lançamento do concurso público não está dependente do município e que já esteve em contacto com proprietários de terrenos necessários para implantação da ponte sobre a linha de caminho de ferro que vai permitir a passagem de nível ali existente.
Conforme O MIRANTE noticiou, o município e a IP assinaram o acordo para a construção do viaduto a 6 de Junho de 2024. O novo acordo veio revogar o anterior entre a Estradas de Portugal, REFER e município, em que o município tinha obrigatoriamente de pagar 12,5% da empreitada, que em 2009 se estimava ser perto de 800 mil euros mais IVA. Em contrapartida, a autarquia terá de adquirir os terrenos onde será construído o viaduto e compromete-se a assegurar a manutenção.
Ponte Rainha Dona Amélia sem novidades
Sobre obras na ponte Rainha Dona Amélia, João Heitor referiu na última assembleia municipal que tem mais esperança num novo viaduto em Santana do que numa reabilitação profunda da ponte sobre o Tejo por parte da IP, dado que nem o município do Cartaxo nem o de Salvaterra de Magos têm capacidade financeira de pagar, cada um, os 2,5 milhões de euros. “Vamos continuar a procurar fazer essas pequenas manutenções e proteger a ponte das utilizações indevidas”, garantiu o autarca.
João Heitor aproveitou para falar dos abusos por parte dos camionistas que insistem em fazer a travessia deitando os pórticos abaixo e o eleito Pedro Mesquita Lopes (PSD) sugeriu a colocação de câmaras de vigilância. João Heitor acolheu bem a ideia, tendo informado que já teve contactos com a GNR, tratando-se de “um processo burocrático, complexo e demorado”, como se está a verificar com a tentativa de implementação de câmaras de vigilância na cidade do Cartaxo.
Uma história com quinze anos
Recorde-se que em 2009 a alteração do traçado da via-férrea na zona de passagem de nível ao Km 60+090 e a modernização do actual apeadeiro de Santana/Cartaxo, localizado junto da passagem de nível agora existente, foram alvo de acordo entre a Câmara do Cartaxo, a REFER e a EP. Acordo que, em 2012, chegou a levar a uma adjudicação da obra, pelo valor total de 5.098.878 euros mais IVA, dos quais 12,99%, seriam suportados pelo município, cujo contrato não chegou a ser assinado, por falta de verbas municipais, à época.