Sociedade | 20-01-2025 12:00

Moradores de Alverca limpam vala para se precaverem de novas inundações

Moradores de Alverca limpam vala para se precaverem de novas inundações
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Moradores de Alverca limpam vala em linha de água por temerem novas inundações

Moradores da Avenida Infante Dom Pedro, em Alverca do Ribatejo, tomaram a iniciativa de limpar uma vala de drenagem nas traseiras das suas casas, para prevenirem novas inundações que têm afectado a zona sempre que ocorrem chuvadas fortes. O problema é antigo e agravado pela maré alta, o que leva os residentes a reclamarem uma solução definitiva.

Os moradores da Avenida Infante Dom Pedro, que dá acesso à estação de comboios de Alverca do Ribatejo, limparam a vala nas traseiras das suas casas por iniciativa própria. Os residentes cortaram as canas dentro e junto à vala onde passa a água quando chove, porque temem que as suas casas voltem a ser inundadas.
O problema subsiste sempre que ocorrem chuvadas fortes, que coincidem com a maré alta, a rua junto à estação inunda-se e a água entra pelas traseiras das habitações. Os moradores das casas mais baixas chegam a ter água até aos joelhos, e os utentes da estação enfrentam o mesmo cenário para apanhar o comboio. “O problema já é antigo, mas nunca foi resolvido. Esta vala traz água que não é de Alverca, mas sim de um emissário que vem do Sobralinho. É água não tratada misturada com águas pluviais”, explica Isilda Moço.
Outra moradora, que já teve o quintal inundado várias vezes, comprou uma bomba para retirar a água. Sempre recorreu aos bombeiros, mas da última vez foi informada de que teria de arranjar outra solução. Os moradores relatam que, quando a água não é escoada, transborda para a rua e inunda as casas, enquanto a bacia de retenção permanece vazia. Os residentes sublinham ainda que o Centro de Estágios do Futebol Clube de Alverca também escoa águas para a vala e, por isso, deveria contratar alguém para fazer a limpeza ou ajudar os moradores.
No mês de Dezembro, José Torres viu a vala cheia de canas altas e resolveu meter mãos à obra e cortá-las. Alguns moradores juntaram-se e limparam o espaço. “Se as canas estiverem altas, fazem um tampão e a água não passa. Começa a encher, volta ao colector e transborda para a estrada e para as casas. Já chegaram a aparecer na vala garrafões, sacos de plástico e até alcatifas”, contou José Torres, acrescentando que continuará a cortar as canas sempre que atingirem os três palmos de altura para evitar inundações.

Responsabilidade é da Águas do Tejo Atlântico e SMAS
A Junta de Freguesia de Alverca do Ribatejo e Sobralinho tem acompanhado a situação e, nas épocas de maior pluviosidade, garante a desobstrução dos sumidouros. Segundo o presidente Cláudio Lotra, há imagens que mostram a água a ser engolida pelos sumidouros, mas depois sai pelos colectores num circuito que classifica como complicado. “Toda a água que é drenada pelo sistema acumula-se na bacia de retenção, entre o complexo do FC Alverca e a linha de comboio, e segue para o rio Tejo. Mas, quando o rio está alto, a bacia enche e não tem para onde drenar, e a água sai pelas tampas dos colectores. As últimas situações não têm sido tão dramáticas como em outros momentos, mas continuam a causar incómodos aos moradores”, explica.
A empresa Águas do Tejo Atlântico é responsável pelo sistema. De acordo com o autarca, a empresa, em conjunto com os SMAS de Vila Franca de Xira, realiza a separação do esgoto doméstico das águas pluviais, garantindo que, em condições normais, não há contaminação. Contudo, em situações de excesso de caudal, Cláudio Lotra não sabe se pode ou não ocorrer contaminação, remetendo explicações para a administração da Águas do Tejo Atlântico. Em relação ao lixo de que os moradores se queixam, este pode não vir do esgoto, mas sim da superfície, sendo arrastado pela água e acumulado em determinadas zonas.
A Câmara Municipal de Vila Franca de Xira realiza o escoamento e a limpeza da vala uma vez por ano, sendo que a última intervenção ocorreu no primeiro semestre de 2024. “Os moradores não têm legitimidade nem autorização das entidades para fazer qualquer intervenção junto à linha de água, apenas na linha contígua às casas. Podem incorrer em ilegalidades”, reitera Cláudio Lotra, acrescentando que as limpezas obedecem a critérios definidos pela Agência Portuguesa do Ambiente e que a câmara não pode limpar a vala quando quiser.
O MIRANTE questionou a Águas do Tejo Atlântico e os SMAS de Vila Franca de Xira e aguarda resposta.

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