Sociedade | 28-01-2025 10:00

Polémica dos parquímetros está de volta a Azambuja

Polémica dos parquímetros está de volta a Azambuja
Medida esteve para avançar há mais de uma década e tem vindo a ser falada pelos sucessivos executivos socialistas

Câmara de Azambuja está a concluir estudo que vai reordenar o trânsito e no qual está previsto implementar estacionamento pago no centro da vila. Comerciantes estão fartos de ouvir falar da medida, que está há uma década para sair da gaveta, e alguns consideram que a prioridade devia ser outra.

Na vila de Azambuja, moradores e comerciantes queixam-se de não ter onde estacionar e acusam a câmara municipal de não resolver um problema com demasiados anos, que prejudica o negócio, causado pelos utilizadores da ferrovia que ocupam os lugares disponíveis logo pela manhã, durante a semana. O município encomendou um estudo para o reordenamento do trânsito na vila, no qual está em cima da mesa a colocação de parquímetros, medida que não é vista por alguns comerciantes como a solução ideal.
“Quem prejudica o comércio em Azambuja são as pessoas que só vêm cá apanhar o comboio. Inclusive, à minha porta, nem respeitam o sinal de cargas e descargas. Já me aconteceu chegar e estar lá um carro durante três dias”, atira Augusto Oliveira Pereira, proprietário de um estabelecimento de venda e reparação de electrodomésticos, de portas abertas há 40 anos na Avenida do Valverde. “Às vezes vou para levar uma máquina que reparei e não tenho sítio para descarregar. Na rua principal, então, é uma desgraça”, lamenta a O MIRANTE.
Sobre a eventual colocação de parquímetros, o comerciante considera haver outra prioridade. “Estão ali dois parques que foram feitos para a Expo 98 e que nunca foram concluídos. Deviam arranjar esses parques e pôr lá uma pessoa a controlar aquilo, nem que se pagasse 10 cêntimos ao dia”, defende. A mesma opinião tem Ana Rita Figueiredo, esteticista na Clínica Flor de Liz, situada na Rua Engenheiro Moniz da Maia, a principal artéria da vila. “Os parques do lado da linha [de comboio] é que deviam ser arranjados. Toda a gente sabe que é perigoso estacionar lá, ninguém quer... nem luz há”, afirma, sublinhando que a implementação de parquímetros “não faz sentido” porque o problema é causado por pessoas que vão para a estação de comboios. “Se lhes resolverem o problema, resolvem o nosso”, conclui.
Cansada do problema da falta de estacionamento está Maria Luísa, que na mesma rua gere há 25 anos a pastelaria Os Sabores. “Se fosse a pagar já não metiam aqui os carros todo o dia”, diz apressada enquanto serve um café a uma cliente que sofre com o mesmo problema. “Se arranjassem um parque só para os trabalhadores da câmara já resolviam parte do problema que também é dos habitantes, que é o meu caso, que moro ao pé da igreja e não tenho onde deixar o carro”, acrescenta.
“Todos os dias, há 40 anos” Manuela Henriques diz sentir a dificuldade da falta de estacionamento, o que acaba por ter impacto no negócio. E, tal como Maria Luísa, acha que a solução dos parquímetros é bem-vinda. “Seria muito bom se os pusessem, mas com cartões para os comerciantes, porque não vamos pagar para estacionar todos os dias do mês”, afirma. No entanto, a comerciante de ourivesaria já não acredita que a medida, falada há tanto tempo, vá avançar. “Só se for este ano por causa das eleições”, remata.

Estacionamento pago está para avançar há mais de uma década
Contactado por O MIRANTE, o presidente da Câmara de Azambuja, Silvino Lúcio (PS), diz que está a ser concluído o estudo pedido para a “nova sinalização e ordenamento do trânsito” na vila. “Temos de arranjar soluções para as pessoas, quer aquelas que são e trabalham na vila, quer para aquelas que usam a ferrovia. Sentimos que ao fim-de-semana não há constangimentos no estacionamento, mas durante a semana é muito complicado”, admite o autarca socialista.
Relativamente ao arranjo do parque de estacionamento do lado da ferrovia, Silvino Lúcio diz que gostaria que a empreitada para o seu arranjo já tivesse arrancado, o que não aconteceu, justifica, por estar dependente da instalação de um hipermercado naquela zona. Sobre o parque em terra batida, criado a propósito da Expo 98 e que passou a ser propriedade do município, diz que “ninguém lá põe o carro por ser longe da estação, mas quando houver restrição pelos parquímetros vão ter de o utilizar”.
Já em 2012, tal como O MIRANTE noticiou, o município de Azambuja aprovou uma proposta para a implementação de estacionamento pago no centro da vila para resolver o problema criado pelos utilizadores do comboio. Na altura a medida não avançou devido à extinção da Empresa Municipal de Infraestruturas de Azambuja (EMIA), que iria ficar responsável pelo estacionamento tarifado.

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