José Eutíquio luta há três anos para ligar a casa à rede pública de água
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Reformado comprou uma propriedade perto de Benavente que não é servida pela rede pública de abastecimento de água. José Eutíquio pretende ter esse serviço mas alega não dispor dos 18.500 euros que lhe são pedidos para executar a ligação. Para já, vai recorrendo a um depósito abastecido pelos bombeiros.
José Eutíquio, de 76 anos, adquiriu uma quinta com cerca de um hectare na Estrada Municipal 118-1, que liga Benavente a Santo Estêvão, com o objectivo de usufruir de uma vida tranquila depois da reforma. Contudo, a ausência de água potável tem sido motivo de frustração e desgaste. “Comprei o terreno há três anos. Aceitei o orçamento inicial de cerca de nove mil euros para a ligação à rede de água, mas, porque a tubagem tem que passar na estrada, os custos subiram para 37 mil euros, dos quais teria de pagar metade (18.500€). Não consigo suportar esse valor”, explica o reformado, que depende actualmente de um depósito de 3 mil litros, abastecido pelos bombeiros a cada duas semanas, ao custo mensal de 100€. A colocação da água de rede terminaria também com a preocupação constante em verificar o nível do depósito.
Apesar de vários contactos com a empresa Águas do Ribatejo e com a Câmara de Benavente, José Eutíquio sente-se “encurralado” e sem respostas concretas. “O autarca foi ao local em Novembro de 2024, mas desde então não obtive qualquer esclarecimento. Apenas quero uma solução justa”, afirma.
José Eutíquio é de Leiria, teve uma vida activa sendo fabricante de fornos para cerâmica e decidiu adquirir um terreno, que é hoje a Quinta das Laranjeiras, e construir uma habitação ao seu gosto e desfrutar da calma da zona. Admite que adquiriu sem ter água potável no terreno, porém, como vinca, não está em Trás-os-Montes ou a 20 quilómetros de Benavente, mas apenas a 250 metros do contador mais próximo. “Não fazia ideia que haveria tanta dificuldade numa povoação que está a 50km de Lisboa”, lamenta.
Em declarações a O MIRANTE, comenta estar muito desiludido porque aprecia o concelho onde vive, as pessoas e o sossego. A mulher trabalha em Lisboa e desloca-se duas vezes por semana, sendo por isso Benavente uma localidade que não está longe e oferece tranquilidade. A água do furo, que assegura a rega da quinta, não tem condições para ser consumida para uso doméstico. Possui nitratos e bactérias. De início o casal ainda tentou tomar banho com essa água, mas a mulher ficou repleta de borbulhas, o que comprovou a inviabilidade de utilizar o furo.
Nova solução poderá baixar valor
O presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho, esclarece que a responsabilidade pelo abastecimento de água está delegada à Águas do Ribatejo e que a intervenção necessária implica custos acrescidos devido à obrigatoriedade de repavimentar a estrada. “Estivemos no local a avaliar alternativas, mas não é possível realizar a obra fora do eixo da via, uma vez que já existe um colector de águas pluviais. As normas exigem a pavimentação de meia faixa da estrada, mas, considerando que esta será repavimentada no futuro, foi proposta a redução da intervenção para minimizar os custos”, explica o autarca.
Segundo Carlos Coutinho, a Águas do Ribatejo deverá contactar o morador para propor uma nova estimativa de custos, ajustada às condições mais recentes. “Com essa revisão, os valores aproximar-se-ão do orçamento inicial, permitindo um eventual acordo entre as partes” de modo a que a obra avance. José Eutíquio, por sua vez, apela à resolução rápida do impasse. “Queria apenas viver aqui os anos que me restam com tranquilidade. Cada ano de espera, na minha idade, é muito tempo”, lamenta.