Sociedade | 07-02-2025 10:00

José Eutíquio luta há três anos para ligar a casa à rede pública de água

José Eutíquio luta há três anos para ligar a casa à rede pública de água
José Eutíquio não baixa os braços para ter água da rede pública na Quinta das Laranjeiras, em Benavente

Reformado comprou uma propriedade perto de Benavente que não é servida pela rede pública de abastecimento de água. José Eutíquio pretende ter esse serviço mas alega não dispor dos 18.500 euros que lhe são pedidos para executar a ligação. Para já, vai recorrendo a um depósito abastecido pelos bombeiros.

José Eutíquio, de 76 anos, adquiriu uma quinta com cerca de um hectare na Estrada Municipal 118-1, que liga Benavente a Santo Estêvão, com o objectivo de usufruir de uma vida tranquila depois da reforma. Contudo, a ausência de água potável tem sido motivo de frustração e desgaste. “Comprei o terreno há três anos. Aceitei o orçamento inicial de cerca de nove mil euros para a ligação à rede de água, mas, porque a tubagem tem que passar na estrada, os custos subiram para 37 mil euros, dos quais teria de pagar metade (18.500€). Não consigo suportar esse valor”, explica o reformado, que depende actualmente de um depósito de 3 mil litros, abastecido pelos bombeiros a cada duas semanas, ao custo mensal de 100€. A colocação da água de rede terminaria também com a preocupação constante em verificar o nível do depósito.
Apesar de vários contactos com a empresa Águas do Ribatejo e com a Câmara de Benavente, José Eutíquio sente-se “encurralado” e sem respostas concretas. “O autarca foi ao local em Novembro de 2024, mas desde então não obtive qualquer esclarecimento. Apenas quero uma solução justa”, afirma.
José Eutíquio é de Leiria, teve uma vida activa sendo fabricante de fornos para cerâmica e decidiu adquirir um terreno, que é hoje a Quinta das Laranjeiras, e construir uma habitação ao seu gosto e desfrutar da calma da zona. Admite que adquiriu sem ter água potável no terreno, porém, como vinca, não está em Trás-os-Montes ou a 20 quilómetros de Benavente, mas apenas a 250 metros do contador mais próximo. “Não fazia ideia que haveria tanta dificuldade numa povoação que está a 50km de Lisboa”, lamenta.
Em declarações a O MIRANTE, comenta estar muito desiludido porque aprecia o concelho onde vive, as pessoas e o sossego. A mulher trabalha em Lisboa e desloca-se duas vezes por semana, sendo por isso Benavente uma localidade que não está longe e oferece tranquilidade. A água do furo, que assegura a rega da quinta, não tem condições para ser consumida para uso doméstico. Possui nitratos e bactérias. De início o casal ainda tentou tomar banho com essa água, mas a mulher ficou repleta de borbulhas, o que comprovou a inviabilidade de utilizar o furo.

Nova solução poderá baixar valor
O presidente da Câmara de Benavente, Carlos Coutinho, esclarece que a responsabilidade pelo abastecimento de água está delegada à Águas do Ribatejo e que a intervenção necessária implica custos acrescidos devido à obrigatoriedade de repavimentar a estrada. “Estivemos no local a avaliar alternativas, mas não é possível realizar a obra fora do eixo da via, uma vez que já existe um colector de águas pluviais. As normas exigem a pavimentação de meia faixa da estrada, mas, considerando que esta será repavimentada no futuro, foi proposta a redução da intervenção para minimizar os custos”, explica o autarca.
Segundo Carlos Coutinho, a Águas do Ribatejo deverá contactar o morador para propor uma nova estimativa de custos, ajustada às condições mais recentes. “Com essa revisão, os valores aproximar-se-ão do orçamento inicial, permitindo um eventual acordo entre as partes” de modo a que a obra avance. José Eutíquio, por sua vez, apela à resolução rápida do impasse. “Queria apenas viver aqui os anos que me restam com tranquilidade. Cada ano de espera, na minha idade, é muito tempo”, lamenta.

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